Polícia apreende metacril vencido e prende dona de salão em Nova Iguaçu

Agentes encontraram cerca de 200 caixas com metacril, silicone industrial e vários anestésicos no salão de beleza

A morte de pelo menos três mulheres no estado do Rio, vítimas de aplicação de metacril no bumbum e outras partes do corpo, está deixando a mulherada assustada. Muitas delas, que tinham intenção de fazer o mesmo procedimento, desistiram da ideia e dizem que se um dia tomar a decisão de fazer preenchimento glúteo, irá procurar clínica e serviços médicos reconhecidamente especializados.
Pelo menos isso é o que pensa Juliana de Farias, 32 anos. “Com tanta gente morrendo, eu tô fora. Só depois da morte de Lilia Calixto, na barra da Tijuca, desencadeou uma onda de mortes por motivos semelhantes, deixando a mulherada assustada”, comenta, lembrando dos casos do Dr. Bumbum, Dra. Paty, Dra Mariana e Dra. Fernanda. “E outra coisa: com as mortes, a gente pode perceber que tem muitas portinhas, salão de beleza e até quartinhos, por aí fazendo a mesma coisa sem habilitação médica. É um risco de morte mesmo”, completa.

O mais recente

Fernanda Enfermeira, como é conhecida, já tem passagem pela polícia por exercício ilegal da medicina e uso de material de procedimentos estéticos fora da validade

O caso mais recente foi o da Fernanda Silva de Almeida, 39 anos, presa na quarta-feira (01), depois que a policia encontrou pelo menos 200 caixas de metacril (polimetilmetacrilato, também conhecido pela sigla PMMA), silicone industrial e anestésico na Vila Iracema, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
No local, que foi interditado, Fernanda mantinha um salão de beleza destinado a procedimentos estéticos em mulheres, segundo informaram policiais, principalmente depois de constatar que os produtos estavam com validade vencida.
Fernanda Enfermeira, como é mais conhecida, já tinha cinco anotações criminais, segundo informações da polícia. Em 2014, ela foi autuada no crime contra ordem tributária, por portar produtos fora da validade. Em 2016, respondeu uma investigação sobre injúria. Por fim, em 2017 ela respondeu por exercício ilegal da medicina, ameaça e novamente por portar produtos fora da validade.

Material suspeito

A polícia interditou o salão de beleza que também não tinha alvará de funcionamento

Ela disse em depoimento que trabalha no Hospital Federal dos Servidores do Estado, no Centro, como auxiliar de enfermagem. Mas em seu salão de beleza, foram encontrados equipamentos cirúrgicos do Hospital Municipal Pedro II, na Zona Oeste. A Decon irá investigar como ela teve acesso a esse material. “Ela é conhecida como Fernanda Enfermeira. No salão dela, tinha medicamentos impróprios para consumo com vencimento desde janeiro até semana passada. Ela vai responder por exercício irregular da medicina, crime de produto vencido, falsidade material tendo em vista os receituários médicos encontrados com assinatura de um médico sem estarem devidamente preenchidos e receptação qualificada tendo em vista que tinha no salão equipamentos cirúrgicos provenientes do Hospital Pedro II”, disse a delegada da Decon, Daniela Terra.
Segundo o advogado da mulher, ainda não é possível afirmar se ela praticou algum tipo de delito. “O procedimento ainda encontra-se em sede policial e posteriormente será encaminhado para a apreciação do Judiciário. Ainda há averiguação do material localizado no estabelecimento comercial e a acusada provará a sua inocência perante a justiça”, disse Eduardo Franceschi (G1).
Depoimento de Paty Bumbum
Patrícia Sílvia dos Santos, conhecida como Paty Bumbum, prestou depoimento por 40 minutos na quarta-feira (1) na sede da especializada. Segundo a delegada Daniela Terra, Paty Bumbum será indiciada por lesão corporal e estelionato. Ela já foi indiciada por exercício ilegal da medicina. O advogado de Paty Bumbum negou que Valéria Santos seja sócia dela. Valéria é acusada de envolvimento na morte da modelo Mayara Silva dos Santos. “Ela só a conheceu no curso de formação que elas fizeram”, afirmou o advogado de Patrícia, Sérgio Vinícius. Segundo ele, este seria o único contato entre elas.
A delegada confirmou que ela respondeu apenas um questionamento. “A única pergunta que ela respondeu é se ela conhecia a Valéria Santos. Ela disse que a conheceu no curso de formação [em massoterapeuta] e ela nem tinha contato com ela e há anos não a encontra. Ela negou que tenha feito qualquer tipo de procedimento”, destacou Daniela Terra. Na segunda-feira (30), mais três clientes prestaram depoimento. Ainda de acordo com a delegada Daniela Terra, duas delas apresentavam lesões aparentes no corpo.

O caso do Dr. Bumbum

O Instituto Médico-Legal (IML) divulgou na quarta-feira (1º) um laudo sobre a morte da bancária Lilian Calixto, 46 anos, que veio no mês passado, fazer um procedimento de preenchimento nos glúteos com o médico Denis Cesar Barros Furtado, 45 anos, no apartamento dele, uma cobertura na Barra da Tijuca. Após o procedimento estético, a paciente passou mal e morreu horas depois no Hospital Barra d’Or, vítima de complicações da cirurgia. O documento aponta que a paciente morreu vítima de embolia pulmonar, com um quadro de falência de órgãos, como fígado e rim.
Denis Barros Furtado, sua namorada Renata Cirne e a mãe Maria de Fátima Furtado, que também é médica, mas com o registro profissional cassado, estão presos temporariamente, acusados pela polícia de homicídio qualificado e associação criminosa. A técnica de enfermagem Rosilene Pereira da Silva responde ao inquérito em liberdade.
Com a divulgação do laudo, a delegada Adriana Belém, responsável pelo inquérito da morte da bancária, vai pedir a prisão preventiva do médico Denis Furtado, também conhecido como Doutor Bumbum, e dos outros indiciados no inquérito.

A falsa médica

Moradora do município de Queimados, na Baixada, a estudante de curso técnico de enfermeira Mariana Batista de Miranda, 34 anos, foi presa acusada de aplicar metacril no bumbum de Fátima de Oliveira, que morreu no dia 8 de abril, no Hospital Federal do Andaraí. A causa da morte seria complicações após procedimentos de cirúrgicos inapropriados, feitos por Mariana. Na policia, onde fora indiciada por exercício ilegal da medicina, a falsa médica disse que aprendeu aplicar o metacril com um travesti que morava no Complexo do Chapadão, na zona oeste do Rio.

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