Morro do Cavalão já é considerado Rocinha de Niterói

Morro do Cavalão, em Niterói (Arquivo) Foto: reprodução

Uma quadrilha capaz de movimentar, em uma única comunidade, até R$ 800 mil por mês com a venda de drogas. Uma localização privilegiada, entre dois bairros de classe média alta, potencializando ainda mais os lucros dos bandidos que atuam na favela. Uma conjunção de fatores que transforma o Morro do Cavalão, na divisa entre Icaraí e São Francisco, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, em um ponto estratégico de fundamental importância para a maior facção criminosa do estado.

“É mais ou menos como se fosse a Rocinha de Niterói”, resume a promotora Roberta Dias Laplace, do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que na última quarta-feira desencadeou uma grande operação no Cavalão, resultando na prisão de sete pessoas.

Na denúncia encaminhada à Justiça pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ), que tem 84 suspeitos como alvo, o Cavalão é descrito como um “verdadeiro entreposto de materiais entorpecentes”, sendo responsável pela distribuição de drogas a diversas comunidades de Niterói e até do município vizinho de São Gonçalo. Parte do lucro com o tráfico, segundo o Gaeco, era repartido com policiais militares do 12º BPM (Niterói), que chegavam a receber até R$ 4 mil por dia para não combater as atividades criminosas.

“É importante frisar que havia os policiais que reprimiam e também aqueles que faziam vista grossa. Nas escutas telefônicas (feitas com autorização judicial), os traficantes se referem ao “plantão arregado”, feito por agentes cooptados, e ao “plantão mandadão”, com PMs sem envolvimento com o crime”, detalha Roberta Laplace.

A denúncia também cita casos em que a violência da quadrilha que comanda o Cavalão ficou ainda mais latente. Em dezembro de 2016, Jéssica dos Santos Donato, uma manicure de 28 anos, desapareceu da comunidade depois de ser apontada pelos criminosos como informante da polícia. Nos grampos, Ana Carolina Freire de Oliveira, uma das duas companheiras do traficante Adriano Silva da Cruz — ambos denunciados pelo MP-RJ —, aparece informando o namorado sobre as buscas capitaneadas pela família da vítima e conversando a respeito das melhores estratégias para sumir com o celular e o corpo da manicure, que nunca foi encontrado. “Mais mortes foram decretadas pelo ‘Tribunal do Tráfico’ no período das escutas”, frisa a denúncia.

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