Dicas de Português – 19/08

PODER ou PODEREM?

Vamos falar de futebol? Ou de gramática? Veja só:

“Os torcedores compraram passagens para PODER ver os jogos no Brasil”? Ou “… para PODEREM ver os jogos no Brasil”?

Essa é uma velha polêmica: a flexão do infinitivo. Basicamente, pode-se dizer que o infinitivo não foi feito para ser flexionado. Aliás, o português deve ser a única língua do mundo que faz isso. A maioria dos estudiosos prefere, no caso dessa questão, o verbo no singular. Sempre que o sujeito do infinitivo for o mesmo da primeira oração e estiver oculto, não devemos flexionar o infinitivo:

“Os torcedores (sujeito da primeira oração) compraram passagens para PODER ver os jogos no Brasil.”

Perceba que o sujeito do verbo PODER é “os torcedores”, que está oculto. Então, deixe no singular!

Alguns estudiosos aceitam a flexão do infinitivo. Assim, a discussão não se reduz a “certo ou errado”.

É clara, porém, a preferência pela forma não flexionada:
“Os advogados foram chamados para assinar o contrato.”
“Os funcionários foram proibidos de fumar.”
“As meninas foram obrigadas a sair mais cedo.”
“Nós saímos para almoçar”.

 

COMPANIA OU COMPANHIA?

Vocês sabem qual a diferença entre a palavra que serve para designar uma empresa e aquela que significa a presença de alguém a nosso lado? Qual delas é com H e qual delas é sem H?

Se alguém aí respondeu que COMPANIA (sem H) se refere à empresa, errou. Já quem respondeu que COMPANIA (sem H) é a presença de alguém ao lado, errou também!

Não existe diferença alguma, simplesmente porque COMPANHIA deve ser escrita sempre com “h”.

“Esta é uma das maiores COMPANHIAS (com H) do mundo.”
“Tenho que ficar aqui esperando, você quer me fazer COMPANHIA? (com H)

Portanto não faça companhia àqueles que erram: risque “compania” do seu vocabulário!

 

CO-SENO, COSSENO ou COSENO?

Esta dúvida persegue muitos estudantes e professores de matemática. Como escrever o nome da função trigonométrica – CO-SENO (com hífen), COSSENO (tudo junto e com 2 esses) ou COSENO (tudo junto e com um esse só)?

O Novo Acordo Ortográfico diz que, nas formações de palavras com o prefixo CO-, este sempre se aglutina sem hífen ao segundo elemento.

Sendo assim, a forma “CO-SENO” (com hífen), que era usada até 2009, quando entrou em vigor o Novo Acordo, agora está desatualizada.

Mas ficamos ainda com a dúvida: COSENO (com um S só) ou COSSENO (com dois SS).

Veja que, se mantivermos um S só, mudaremos a pronúncia da palavra, pois o S entre duas vogais tem som de Z. Quando isso acontece, devemos DOBRAR essa consoante, para manter o som original, o som pretendido.

Então, para não dizer /cozeno/, devemos escrever COSSENO, com SS.

A forma “coseno”, com um só S, não existe e nunca existiu.

 

Prendi os documentos com CLIPS ou com CLIPES?
Vocês dizem e escrevem clipes ou clips (sem E) de papel?

Antes de responder vamos a uma curiosidade. Esse pequeno objeto de arame foi inventado pelo norueguês Johan Vaaler em 1899 e em inglês se diz clip, que é a redução da expressão paper (“papel”) clip (“juntar”).

Até então, quem queria manter juntas duas ou mais folhas de papel, usava um alfinete. E assim, como tudo que vem para simplificar a vida, essa presilha ganhou mundo e veio parar no Brasil, onde ficou tão familiar que teve seu nome aportuguesado para CLIPE.

Seu plural é normal: CLIPES, e não como alguns pronunciam, querendo esnobar, “clips”, em inglês.

Portanto, pode dizer, sem medo de errar: “Eu prendi os documentos com CLIPES”, com ES no final.

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