São Gonçalo, Niterói e Itaboraí lideram em número de assaltos

Depois de meses planejando uma pausa para descanso, o autônomo Paulo Cesar Alves da Silva, de 68 anos, colocou, enfim, o pé na estrada. Na última sexta-feira, ele, a mulher, Flávia Elisque, de 49, o filho do casal e a namorada do rapaz saíram de Copacabana, na Zona Sul do Rio, para passar o fim de semana em Nova Friburgo, na Região Serrana. A alegria foi interrompida, uma hora após a saída de casa, por um arrastão na BR 101, na altura da entrada de Itaboraí. Dois homens armados levaram o Corsa da família, R$ 800, quatro celulares e as malas de viagem.

— Ficamos só com a roupa do corpo e perdemos o fim de semana. Nossa hospedagem já estava quitada desde abril — disse o autônomo, ao registrar o caso na 71ª DP (Itaboraí).

O assalto sofrido pela família de Paulo não é um caso isolado. Análise dos dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), em relação às áreas das delegacias de todo o Rio de Janeiro, revela que entre os meses de maio e julho de 2018, em comparação com o mesmo período do ano passado, a região de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí ficou entre as que mais sofreram com o aumento dos índices de crimes contra o patrimônio (roubo de veículo, assalto em ônibus, roubo de carga e roubo a pedestre).

O roubo de veículos, crime que não deixou de ser registrado durante os 78 dias da greve dos policiais civis, no ano passado, subiu na área de seis delegacias dos três municípios. O pior índice é justamente o da 71ª DP, onde o regisro deste tipo de delito subiu 47,9%, de 257 para 380 na comparação entre maio e julho de 2017 e de 2018. A 73ª DP (Neves), em São Gonçalo, vem em seguida, com aumento de 36,7% — 311 casos registrados nesse trimestre do ano passado contra 425 no mesmo período de 2018. A 75ª DP (Rio do Ouro, também em São Gonçalo) teve aumento de 35,3%, passando de 249 para 337. As outras delegacias onde houve elevação deste tipo de crime ficam em Niterói: 76ª DP (Centro), com 15,2% a mais (46 casos contra 53 ), 79ª DP (Jurujuba), com 26% ( 77 contra 97), e 81ª DP (Itaipu), com 6% (67 contra 71).

A migração de bandidos da capital para São Gonçalo, Niterói e Itaboraí, após constantes operações da intervenção federal no Rio, pode ser um dos motivos que levaram ao aumento dos roubos nestas cidades da Região Metropolitana. Inquérito instaurado pela polícia apura a informação de que traficantes cariocas já estariam agindo em comunidades dos três municípios. O caso é investigado sob sigilo.

De acordo com a nota enviada pela Secretaria de Segurança, o órgão “mantém diálogo constante com as Prefeituras”. Apesar de a 76ª DP (Centro de Niterói) ter tido um acréscimo de 15,2% no roubo de veículos, a Seseg alegou, no texto, que a Área Integrada de Segurança Pública (AISP 12) que compreende os municípios de Niterói e Maricá teve queda de todos indicadores de crimes contra o patrimônio, de maio a julho de 2018. A resposta, no entanto, não se refere às áreas de delegacias, mas sim às dos batalhões.

Em relação aos números de Neves e Itaboraí, a Seseg afirma que “o cenário tende a se reverter com a intensificação do policiamento em áreas e horários de maior incidência de roubos”. E, ainda segundo a nota, os roubos de veículos caíram 32% entre maio e julho deste ano em Neves, área da 73ª DP, enquanto em Itaboraí (71ª DP), entre junho e julho os roubos de carga e de veículos apresentaram queda de 74% e 32%.

Vítima duas vezes em quatro meses

O militar Daniel Ferreira, de 20 anos, foi vítima duas vezes da ação de bandidos em São Gonçalo, num intervalo de quatro meses. Na última sexta-feira, seguia de moto pela BR 101 quando, na altura do bairro Guaxindiba, outra moto, com dois homens, emparelhou com a dele. Um dos bandidos, armado, deu a ordem de parada. Daniel foi obrigado a entregar o veículo. Em abril, o militar perdeu outra moto no mesmo trecho da estrada.

Dados do ISP mostram que a 74ª DP (Alcântara), que inclui a área onde houve os assaltos ao militar, figura entre as 10 delegacias do estado com o maior número de ocorrências deste crime, de janeiro a julho de 2018. Neste período, a 74ª DP registrou 1.176 roubos de veículos; na 73ª DP, foram 104; e na 71ª DP, 924.

O roubo de cargas, que de maio a julho de 2017 sofreu variação por conta da greve dos policiais civis, também deu um salto na estatística em São Gonçalo, Niterói e Itaboraí: nove delegacias tiveram aumento. Entre os locais onde este crime mais cresceu estão as áreas da 71ª DP (194,9%), 73ª DP (152%), 79ª DP (71%) e 74ª DP (61%).

No quesito roubo em ônibus, cinco delegacias da região aparecem com elevação. A 75ª DP lidera a estatística, com 664% de acréscimo, seguida por 71ª DP (114%) e 78ª DP (Fonseca, com 82%). Completam a lista 76ª DP, com 60% a mais, e 73ª DP, com 34% .

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