Diretor de museu negocia emendas com bancada fluminense na Câmara

Incêndio destrói 20 mil peças do Museu nacional no Rio
(Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Minutos antes de embarcar para Brasília, o diretor do Museu Nacional no Rio, Alexander Kellner, disse à Agência Brasil que está a caminho da capital para discutir alternativas emergenciais na tentativa de recuperar o local atingido por um incêndio na noite de domingo (2).
Por telefone, Kellner contou que se reunirá com a bancada fluminense no Congresso, formada por 46 deputados e seis senadores. Ele negou que ocorrerá assinatura formal da liberação dos R$ 10 milhões, anunciada na segunda-feira (3) pelo Ministério da Educação para o museu, na Quinta da Boa Vista. “Antes, precisamos fazer o dever de casa e preparar a situação para que haja a assinatura”, explicou.
Nem todos os parlamentares da bancada devem participar do encontro, pois a Casa está em recesso branco em decorrência das eleições. “A pauta é construir uma emenda de bancada para a UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro]”, disse o paleontólogo que está no comando do museu desde fevereiro deste ano.
Além do dinheiro previsto no Orçamento da União para manutenção de instituições federais, os parlamentares também podem apresentar emendas individuais ou de bancadas para despesas específicas. A ideia é usar justamente esse recurso para a recuperação do museu, mesmo com a previsão de 2018 já fechada. O que o Congresso pode tentar, neste caso, segundo deputados fluminenses é usar o que não foi executado ou o que permite remanejamento.
Kellner, que compõe o quadro do Museu Nacional desde 1997, voltou a lamentar o desastre. Segundo ele, os R$ 10 milhões agora são emergenciais. “Se tivessem sido liberados há um ano, poderiam evitar essa situação, mas agora é um dinheiro apenas para evitar que o prédio desabe.”
O recurso do MEC foi anunciado ontem depois de uma reunião entre Kellner, o reitor da UFRJ, Roberto Leher, e o ministro da Educação, Rossieli Soares. Soares disse que o dinheiro virá do orçamento da pasta a partir de remanejamento que não exigirá aprovação do Congresso. O montante será transferido para a UFRJ.
Em resposta às cobranças da comunidade artística e intelectual, o presidente Michel Temer marcou ontem uma reunião com ministros, secretários, coordenadores e os presidentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Caixa Econômica e do Banco do Brasil. O encontro ocorrerá no Palácio do Planalto.

Ato público em defesa do Museu

Centenas de estudantes, professores e funcionários do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, atingido por um incêndio no domingo (2), se reuniram na Cinelândia, no centro da cidade do Rio, no ato Luto pelo Museu Nacional, com críticas à falta de investimentos em conservação do patrimônio histórico. O protesto começou por volta das 16h e durou mais de duas horas. A manifestação ocorreu em frente à Câmara dos Vereadores do Rio.
Diversas entidades estudantis, entre elas a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Associação Nacional de Pós-Graduandos (SNPG), o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), também se manifestaram pela defesa da educação pública, de qualidade e socialmente referendada.
O luto pelo Museu Nacional e em defesa da universidade pública, é o primeiro ato convocado em função do incêndio que destruiu quase todo o acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio. Na convocação pelas redes sociais, os organizadores informavam que ocorreram três incêndios em prédios da UFRJ nos últimos anos.

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