Jovem de 15 anos é baleado e jogado em rio no Complexo do Alemão

Parentes do jovem baleado passaram a madrugada desta quarta-feira em frente ao Hospital Estadual Getúlio Vargas Foto: reprodução

Um jovem de 15 anos foi baleado na perna na noite desta terça-feira, por volta das 22h, próximo a Rua Dona Emília, na região da Fazendinha, no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. O menino foi levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, também Zona Norte, onde passou por uma cirurgia. O jovem e um amigo, também adolescente, estavam cada um em uma moto, quando passaram por um patrulha da PM. Moradores que testemunharam o crime contaram ao pai do jovem, que trabalha com cabeamento em uma empresa de telecomunicações, que um policial atirou no adolescente e o jogou em um rio da região.

— Saí correndo para socorrer meu filho quando soube da notícia. Estava no trabalho quando meu irmão me ligou. Ao chegar lá, os moradores me disseram que viram um policial atirar na perna do meu filho e jogar ele no rio. Eles disseram também, que ao verem essa situação, uma pessoa correu para retirar o meu filho do rio. Os policiais disseram uma versão diferente, que meu filho tinha machucado a perna ao cair no rio. Mas eu vi a marca e era de tiro. Cheguei a perguntar ao policial se ele tinha atirado no meu filho, mas ele negou. No entanto, meu filho me disse que quem o baleou foi um PM.

O pai da vítima disse que teve que discutir com os policiais para levar o filho ao hospital. Os agentes alegaram, segundo o responsável do menino, que tinham que esperar outra viatura chegar para levarem o ferido para a unidade de saúde.

— Um morador, que estava no local em que ocorreu o caso, me emprestou um pano branco para eu poder enrolar o meu filho, para levar para o hospital. No meio do caminho,encontramos a ambulância indo para lá, e avisamos que havia um garoto ferido no carro. Transferimos meu filho para o veículo do hospital. Um dos bombeiros afirmou que o ferimento na perna foi causado por tiro, contrariando a versão dos policiais.

De acordo com o pai do jovem, os policiais também alegam que o jovem e seu amigo de infância estavam armados. Segundo ele, os agentes afirmaram ainda que as motos que os jovens dirigiam eram roubadas.

— Eu não sabia que meu filho estava de moto nem que o veículo era roubado. Mas sobre eles estarem armados, quando cheguei lá, não vi arma nenhuma. Acho que, se eles tivessem com arma, a polícia não ia atirar na perna, mas sim em alguma região do corpo que o deixasse desacordado, como uma forma de defesa.

O pai do menino afirma também que o filho ficou internado, por seis meses, no Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente (Criaad) da Penha, na Zona Norte do Rio, por roubo, mas que já cumpriu a pena. Ele diz que, recentemente, ao ir ao fórum para tratar do assunto, já que o filho é menor, foi informado da marcação de uma audiência para fevereiro do ano que vem.

O pai disse ainda que o filho e o amigo sofreram maus-tratos por parte dos policiais. Ele contou que, ao chegar ao local onde o filho estava, o outro menino estava bem, sem ferimentos, apenas algemado. Posteriormente, ao passar um período de duas horas, o menino chegou ao hospital, levado por policiais, com ferimentos na cabeça e na perna.

— Eles foram torturados sim. O rapaz demorou a vir e chegou ao hospital com um galo grande na testa e ainda teve que fazer um curativo na perna. Eles machucaram o menino. Os moradores falaram que meu filho foi torturado e o menino também.

Por volta das 3h30m desta quarta-feira, o pai ficou sabendo que a cirurgia terminou e que o filho estava na enfermaria. Ele tentou visitar o jovem, mas foi avisado por funcionários do hospital de que não tinha autorização de ver o filho. Isso porque o jovem está sob custódia da polícia, e só os agentes poderiam liberar a entrada de parentes.

O pai disse que ainda não registrou o caso na delegacia porque foi direto para o hospital para socorrer o filho. Ele disse que deve prestar queixa na 21ª DP (Bonsucesso).

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