CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS DO SER HUMANO – DEFESAS DO INDIVÍDUO

* Carlos B. González Pecotche

Nada pode contribuir mais para o desenvolvimento de uma vida plena do que a criação de defesas que a amparem, no maior grau possível, contra o mal.
Ninguém ignora que é importante defender-se de tudo quanto ameace prejudicar o próprio ser, trate-se de agressões físicas ou morais, de contrariedades e de qualquer outra classe de pertubações que altere a tranquilidade ou a vida pessoal. A elevação do conceito que cada um mereça dos demais pelo cultivo das condições e das qualidades superiores, o desenvolvimento da inteligência e o despertar da consciência são defesas que o preservam em alto grau contra as contingências do mal.
Porém, isso não basta; é necessário criar outras defesas, que aumentem a potência das que já se tenham e façam cada vez mais invulnerável a vida, preservando-a também de ser afetada pelo mal que às vezes o semelhante costuma causar, à medida que ela se amplia e ganha prestígio nos ambientes em que se atua. Referimo-nos aos vínculos de afeto ou simpatia constituídos entre familiares e amigos, e ainda entre pessoas menos próximas, que defenderão, em cada oportunidade que for preciso, a quem foi capaz de lhes inspirar um conceito em defesa do qual intervirão lealmente, constituindo tudo isso parte da defesa própria. No caso, por exemplo, de uma pessoa cujo conceito é atacado em um ou vários ambientes pela mesquinhez de espírito de quem está interessado em diminuir seu prestígio, amigos, familiares ou simples simpatizantes poderiam tomar a seu cargo a defesa de sua pessoa, neutralizando, assim, todo efeito pernicioso do ataque de que houvesse sido vítima, ataque a que por si mesma ela não teria podido fazer frente, por não poder estar presente em vários lugares ao mesmo tempo.
À medida que se amplia a vida, e mais ainda se essa vida se estende por povos e continentes, mais necessário será instituir defesas desse tipo, destinadas a salvaguardar o prestígio não só do nome, mas também da obra que se realize. E quão mais fácil será isso se o bem que se oferece ao semelhante não reclamar para si mais do que a satisfação de saber que obedece a um dever de consciência, que o ser cumpre com o maior de seus empenhos?

* Carlos B. González Pecotche – Autor da Logosofia

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