Palmeiras descarta Blackstar por causa de “documentos falsos”

Empresa com sede em Hong Kong apresentou “garantias bancárias falsas” para a oferta de R$ 1 bilhão por patrocínio de 10 anos, segundo o presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte

A Blackstar International, empresa que ofereceu ao Palmeiras um contrato de patrocínio no valor de R$ 1 bilhão por dez anos, tem um capital social equivalente a R$ 5 mil, segundo documentos públicos de Hong Kong, país onde ela tem sede, consultados pelo GloboEsporte.com.
Em entrevista ao Seleção SporTV, o presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, afirmou que a empresa apresentou documentos falsos ao clube. Segundo o dirigente, o banco HSBC, consultado, declarou que a Blackstar não é cliente da instituição. Na proposta, a Blackstar incluiu uma suposta garantia bancária do HSBC.
– Neste momento o Palmeiras encerra qualquer tipo de diálogo, por total falta de credibilidade. O Palmeiras foi buscar junto ao banco. Acabamos de receber uma carta do banco HSBC dizendo que os documentos apresentados ao Palmeiras são falsos – afirmou Galiotte, em entrevista ao Seleção SporTV.
O presidente da Blackstar, empresa aberta em 22 de janeiro de 2018, é Arsim Shefkiu, cidadão da Macedônia com residência na Flórida, EUA. Nove meses depois de fundada, a companhia passou a ter outros dois diretores, ambos brasileiros: Carlos Giovanni Mello e Rubnei Quícoli – este, o responsável por apresentar a proposta de patrocínio ao Palmeiras.
Tanto Mello quanto Quícoli foram formalmente incorporados à Blackstar no dia 23 de outubro de 2018. A proposta apresentada ao Palmeiras, assinada por Quícoli, que se apresenta como diretor financeiro da Blackstar, tem data de 19 de setembro de 2018 – portanto mais de um mês anterior à entrada dele na empresa.
Na oferta ao Palmeiras, Quícoli se identifica como morador de Campinas, no interior de São Paulo. Nos documentos da Blackstar em Hong Kong, o empresário registrou como endereço um imóvel em Fort Lauderdale, na Flórida.
No cadastro da Blackstar no Registro de Companhias de Hong Kong, órgão estatal do país asiático, consta como endereço da empresa o mesmo da sede da One IBC, uma incorporadora de companhias de Hong Kong.
Além de Quícoli e Mello, também é listado como diretor da Blackstar desde novembro Yong Hee Cho, um sul-coreano com domicílio na Indonésia. De acordo com os registros, apenas Shefkiu, o fundador, é detentor de cotas na empresa, num total de 10 mil dólares de Hong Kong, o equivalente a R$ 5 mil na cotação atual.
Numa entrevista ao GloboEsporte.com publicada na última sexta-feira (14 de dezembro), Quícoli disse que a Blackstar era uma “holding” que abrigava várias empresas com sede tanto nos EUA quanto no Brasil. Ele não revela quais marcas seriam utilizadas numa hipotética parceria com o Palmeiras.
O chefe do presidente
Na carta de inteções entregue a Genaro Marino, que em novembro foi derrotado na eleição do Palmeiras por Maurício Galiotte, a Blackstar é descrita como um grupo com atuação no “mercado de energia e bioenergia”. À reportagem, Quícoli citou a holding como controladora de uma empresa que seria fabricante de aviões (e peças de avião) instalada na Flórida.
Uma pesquisa nos registros de empresas daquele estado americano revela a existência da Eco Aeronautics Inc, com sede em Deerfield Beach, com três executivos identificados: Carlos Giovanni Melo como CEO (diretor executivo), José Cyrillo Vergara como CTO (diretor de tecnologia) e Rubnei Quícoli como CFO (diretor financeiro).
A Eco Aeronautics se dedica a construir kits para aviação experimental – aviões que o operador compra, monta e voa por conta própria. A empresa anuncia em seu site um avião de seis lugares por US$ 600 mil (R$ 2,4 milhões). Um modelo “tão compacto que você pode remover as asas e guardar na sua garagem antes de voar de novo”. A companhia se apresenta como concorrente, no mercado de aviões pequenos, de empresas como Bombardier, Gulfstream, Dassault e Cessna.

Proposta descartada
No final de semana, o assunto ganhou contornos políticos ainda mais fortes no Palmeiras. O ex-presidente Paulo Nobre, cujo grupo foi derrotado na última eleição, escreveu uma série de tuítes nos quais explica a relação com Rubnei Quícoli e revela torcida para que Blackstar e Crefisa (a atual patrocinadora) possam “conviver juntas”.
Assim que encerrar a negociação com a Blackstar, o Palmeiras vai renovar seu contrato de patrocínio com a Crefisa por mais três anos. Leila Pereira, dona da empresa, se tornou conselheira recentemente numa manobra política contestada dentro do clube. E é provável candidata a presidente nas próximas eleições.

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