Vítima comenta prisão de ex-marido: alívio e medo

Mulher registrou ocorrência após ser agredida pelo marido Foto: Reprodução

Foi preso na noite desta quarta-feira Uelinton de Oliveira, acusado de agredir sua então mulher com socos, chutes e chibatadas usando um fio de luz, na residência do casal em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio, no último dia 2. A vítima estava com o filho de 8 meses no colo no momento da agressão. O caso foi registrado na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) da cidade naquele mesmo dia.

A Polícia Civil informou que o acusado vai responder pelos crimes de tortura, cárcere privado e ameaça, e será encaminhado ao sistema prisional, onde permanecerá à disposição da justiça.

A vítima Maria*, de 28 anos, contou que ao saber da prisão do ex-marido, sentiu uma mistura de alívio com apreensão.

— A lei é bem fraca, então a gente não sabe o que vai acontecer. (O sentimento) é um pouco de alívio e apreensão. Ele está preso hoje, mas pode estar solto amanhã — disse.

Segundo Maria, Uelinton se entregou à polícia por volta das 19h desta quarta-feira após uma intermediação de um advogado, custeado pela família dele.

— Ele não tinha muito pra onde se esconder. A família pagou advogado pra ele, dizendo que tinham que ajudar. Bom, ele pode ser filho, mas eles têm um neto também. Eu não tenho mais aquele pensamento de que ele vai mudar. Agora é começar uma vida nova, resolver questões jurídicas. Não posso deixar abrir uma brecha e voltar pra ele. O que vai acontecer agora é consequência dos crimes dele. Vou cuidar do meu filho. Isso é o mais importante.

 

Relembre a história: ‘Ele dizia que ia me matar’

“Ele veio com um chicote de fio de luz. Eu estava ao lado do meu filho, e ele me chicoteou. Eu dizia: ‘Para, pelo amor de Deus’. E ele respondeu: ‘Pelo amor de Deus é o c*'”. Foi nesse momento que Maria decidiu dar um basta no relacionamento abusivo em que estava presa fazia dez anos. em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio. A Polícia Civil representou pela prisão do marido dela, que fugiu, e um mandado foi emitido pelo poder judiciário. Agora os investigadores realizam diligências para localizá-lo. A vítima, enquanto isso, faz tratamento psicológico e psiquiátrico para se afastar do trauma.

Segundo um agente da Deam envolvido na investigação, Maria, mãe de um bebê de 8 meses, passou por exames de corpo de delito após registrar ocorrência e voltou à delegacia no último dia 5 para prestar depoimento.

— Agora vou sumir de Angra com meu filho, vou ter que ficar longe dos meus parentes. Hoje eu não tenho emprego, onde morar, tenho que começar do zero, mas vou ser mais feliz começando do zero do que se continuasse com meu casamento, achando que ele ia melhorar. Sei que Deus não vai deixar faltar nada na minha vida — afirmou a vítima.

Como forma de ajudar outras mulheres a perceberem que estão em relacionamentos abusivos e a saírem desse ciclo de violência doméstica, Maria relatou sua história.

O Disque Denúncia tinha divulgado, no último dia 14, uma foto de Uelinton para pedir informações que ajudassem a localizá-lo.

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