Palmeiras tem estrutura de Europa, mas base “à brasileira”: revela e logo vende

O técnico Felipão, o diretor Alexandre Mattos, o gerente Cícero Souza e o presidente Mauricio Galiotte em treino do Palmeiras na Academia de Futebol
(Cesar Greco/Ag. Palmeiras)

A venda de Luan Cândido para o RB Leipzig, por 10 milhões de euros (cerca de R$ 43 milhões), é mais uma saída de uma jovem promessa da base do Palmeiras antes mesmo de o jogador embalar no time profissional. Ano passado, o Palmeiras já havia vendido o atacante Fernando para o Shaktar Donetsk por 5,5 milhões de euros (R$ 24 milhões na cotação da época).
Nas redes sociais é possível observar um descontentamento da torcida em relação a essas vendas precoces de atletas. Mas afinal, quais são os motivos disso acontecer? O Palmeiras está gastando mal o seu dinheiro?
A principal razão que faz com que o Palmeiras venda suas promessas são antigas dívidas trabalhistas e cíveis, que podem custar cerca de R$ 60 milhões aos cofres do clube. É o presente pagando pelo passado.
Mas ao colocar na equação, o clube prefere contratar jogadores já “consolidados” do que apostar em promessas da base.
Claro que, ao falar de base, não há como ter retorno garantido – tudo é apenas uma grande aposta. Não faltam exemplos de jogadores que se destacaram nas categorias juniores e não vingaram no profissional.

A discussão é outra

A diretoria do Palmeiras gastou R$ 25,2 milhões na contratação do atacante Carlos Eduardo, que veio do Pyramids, do Egito. Antes mesmo de atuar, sua chegada, pelo valor que foi, já era questionada. Depois de poucos jogos, sua situação ficou ainda pior perante a torcida. Não seria o caso de economizar esse dinheiro e pinçar um jovem talento na base?
Na tabela abaixo levantamos jogadores que tiveram suas contratações questionadas. Alguns deles ainda figuram no elenco, mas estão longe de ser titulares, como Guerra, Fabiano e Juninho.
Somando o valor de compra de Erik, Emerson Santos e Leandro Almeida, jogadores que estão emprestados, temos R$ 21,5 milhões. Esse número é quase o preço pago pelo Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, pelo atacante Fernando, que era considerado uma das grandes promessas da base.
O atacante, inclusive, jogou 13 das 21 partidas já disputadas no Campeonato Ucraniano. Ele marcou dois gols e deu uma assistência. Fernando chegou até a enfrentar o Manchester City na Liga dos Campeões. Tem futuro.
Somando todas essas compras, o Palmeiras (junto com a Crefisa) gastou cerca de R$ 75,3 milhões. Esse valor ultrapassaria em R$ 15 milhões as dívidas que o clube possui.

Planejamento para base?

Em entrevista ao GloboEsporte.com no final do ano passado, o presidente Mauricio Galiotte falou sobre o planejamento para 2019. O dirigente citou que o clube tem um pensamento de longo prazo para jogadores da base.
– Temos um planejamento já para 2019 e 2020. O Palmeiras tem pensamento de longo prazo. Temos jovens talentos para serem revelados ao longo do tempo, temos categorias de base com um trabalho maravilhoso, que vem trazendo grandes potenciais.
De fato as categorias de base do Palmeiras viraram um exemplo de sucesso. 2018 foi o ano mais vitorioso da história do clube, com 22 títulos, incluindo Brasileirão e Paulista Sub-20, além do Mundial Sub-17. Mas, na hora da transição, poucos jogadores aparecem no time de cima.
Um fato positivo para se destacar é a constante presença de jogadores da base, principalmente do Sub-20, nos treinos do time profissional.
Se Luan Cândido, uma das principais promessas das categorias de base do Palmeiras e da Seleção, não possui chances no time de cima, quem terá?
Com a saída de Luan Cândido, o Palmeiras ainda tem, pelo menos, quatro grandes promessas atuando em sua categoria Sub-20. São eles: Vitão (zagueiro que também estava em pauta na viagem do Mattos), Alan Guimarães (meia), Gabriel Menino (meia) e Fabricio (atacante). Nenhum deles atuou pelo time profissional. Na base, por outro lado, esses jogadores empilham títulos.
Exemplo Gabriel Jesus
A curta e boa passagem de Gabriel Jesus pelo profissional do Palmeiras é um exemplo que juntas as duas coisas: retorno financeiro e futebolístico. O atacante estreou pelo Verdão em 2015, ano em que ajudou a conquistar a Copa do Brasil. Em 2016, foi o craque do Campeonato Brasileiro, também conquistado pelo Palmeiras.

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