
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que seu encontro da tarde de ontem, com a presidente Dilma Rousseff foi uma conversa institucional e indica a retomada do diálogo sobre a situação econômica do País. No encontro, o principal assunto foi a peça orçamentária de 2016 encaminhada na segunda (31), pelo governo.
Embora tenha dito que se manterá rompido com o governo, o peemedebista afirmou que está disposto a ajudar na questão do Orçamento do próximo ano, mas que o governo não pode jogar a responsabilidade sobre o Congresso. “Não fomos nós quem geramos essa situação”, declarou.
Segundo o presidente da Casa, Dilma pediu apoio para as medidas de solução estrutural para o processo. Ainda de acordo com ele, a presidente não falou em aumentar impostos. Ele concordou que a solução seria o aumento da arrecadação, mas avaliou que sinais positivos seriam capazes de recuperar a confiança e o investimento, levando assim a melhora do cenário.
Cunha contou que a grande preocupação é com o aumento de despesa pública por projetos que possam ser aprovados e que tenham impacto orçamentário. “Obviamente ela demonstrou esta preocupação. Da minha parte, mostrei a ela que o déficit não é o principal problema. O principal problema é não aumentar a dívida bruta do País. Porque você só vai financiar o déficit aumentando a dívida. Se você controlar a dívida, você tem uma sinalização positiva, que anula o problema do déficit”, avaliou. “Este ano, a taxa de juros subiu 4,5 pontos percentuais. Isso significa no ano que vem R$ 90 bilhões no Orçamento. Este ponto que tem que ser debatido. Na medida que a inflação vai cair, é normal que os juros caiam também. Consequentemente, com a queda de juros, ela vai ter uma diminuição da dívida bruta”, completou.
Cunha sugeriu a Dilma que o governo precisa sinalizar ao mercado que a dívida bruta não vai aumentar. Ele também apontou que a piora do cenário se deve à perda da confiança na economia como um todo, seja investidor ou consumidor, e que é preciso retomar essa confiança.
O peemedebista discordou da oposição sobre a devolução da peça orçamentária. “Não acho que porque se propôs um déficit o orçamento tem de ser devolvido. O governo precisa sinalizar que a dívida pública não vai aumentar”, destacou.
Aos jornalistas, Cunha defendeu o corte de despesas do governo e disse que a medida, por menor que seja, é importante pelo simbolismo.