Apenas 12 das 42 gavetas resfriadas do IML de Nova Iguaçu funcionam

Refrigeração quebrada deixa fedor ao lado do necrotério insuportável

Dentro do necrotério do IML de Nova Iguaçu, há 42 gavetas refrigeradas para guardar os corpos, mas apenas 12 funcionam. Quando chove, a água pinga sobre os defuntos e, como o esgoto está entupido, a lavagem dos cadáveres faz com que uma água misturada com sangue empoce sob os pés dos funcionários.

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) se comprometeu a custear a reforma de quatro IMLs do estado, entre eles dois na Baixada Fluminense, de Nova Iguaçu e de Caxias. A informação foi publicada pela Secretaria Estadual de Polícia Civil e confirmada pela Alerj. Serão R$ 10 milhões para as obras.

Esse dinheiro é resultado de um acordo fechado entre os órgãos no começo do ano. De acordo com a assessoria de imprensa da Alerj, ela se comprometeu a custear a contratação de três mil PMs e 195 policiais civis já aprovados em concurso, o que utilizaria R$ 100 milhões anuais do orçamento do Legislativo. No entanto, o Executivo escalonou a convocação dos policiais por, entre outros motivos, a falta de espaço físico para todo mundo fazer o curso. Portanto, os R$ 100 milhões destinados para esse ano não seria usados completamente. Então, o presidente da Alerj, o deputado André Ceciliano (PT) liberou a verba para ser usado na segurança. E um dos destinos será a reforma dos IMLs.

— Esse cheiro aqui não dá. Não consigo ficar lá dentro da recepção porque é insuportável. Tenho pena dos funcionários – afirmou Marcos da Silva, de 45 anos, que foi ao IML de Nova Iguaçu para fazer um exame de corpo de delito.

A unidade fica no alto de um monte de onde vê toda a cidade de Nova Iguaçu. Atrás dela, o cenário já melhorou um pouco: o mato alto de sempre foi cortado e quatro viaturas que estavam há anos abandonada foram retiradas do local. Agora, os problemas são internos. Os funcionários tiveram que fazer uma vaquinha para comprar dois aparelhos de ar-condicionado para o local onde eles dormem. Os banheiros estão destruídos. No da recepção, há um pedregulho dentro do vaso sanitário para que ele não seja utilizado.

A unidade de Caxias também tem seus problemas. Lá, a inadequação maior é a própria localização. Ele fica dentro do Cemitério Tanque do Anil, no Parque Beira Mar. Quem precisa reconhecer o corpo de um parente morto precisa fazer isso do lado de fora da unidade, no caminho por onde passam as procissões dos enterros, porque não há uma sala reservada para isso. Antigamente, isso era feito no próprio necrotério, mas era muito comum que as pessoas passassem mal por conta dos outros corpos em volta.

O prédio foi inaugurado em 1972 e chegou a fechar em 2015 por conta das condições precárias. Naquele momento, a prefeitura ajudou o então governador Luiz Fernando Pezão e reformou o espaço. Por isso, a situação é um pouco melhor do que a de Nova Iguaçu.

A Polícia Civil confirmou o valor de 10 milhões em investimentos na Polícia Técnico-Científica para melhorar o serviço. “Ainda serão realizados os projetos para levantamento de valores necessários à reforma dos institutos e postos de perícia. Só então será possível informar o total que será destinado a cada unidade”, informou, em nota oficial, a pasta.

 

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