Bretas defende Moro após divulgação de conversas: ‘Criminosos não têm ética’

O juiz federal Marcelo Bretas , responsável por julgar ações da Operação Lava-Jato em primeira instância no Rio, saiu em defesa do ex-colega de magistraturaSergio Moro e apontou no Twitter que não se pode descartar a possibilidade de os diálogos divulgados neste domingo pelo site The Intercept Brasil serem forjados. Mensagens extraídas do aplicativo Telegram e obtidas pela reportagem indicam que o ex-juiz da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba combinava atuações com o coordenador da força-tarefa da Lava-JatoDeltan Dallagnol . Os dois negam irregularidades e denunciam invasão ilegal de suas comunicações.

“Não se deve descartar a real possibilidade de serem forjados diálogos, criando fake news. Criminosos não têm ética”, escreveu o magistrado da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.

Na postagem, Bretas compartilhou nota de Moro, que criticava haver “muito barulho por conta de publicação de supostas mensagens obtidas por meios criminosos de celulares de procuradores da Lava-Jato”. Segundo o ministro da Justiça e da Segurança Pública, a “leitura atenta” das reportagens do Intercept “revela que não tem nada ali”.

Em resposta a Bretas, um dos autores das reportagens, Glenn Greenwald, destacou que os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato e o próprio Moro não alegaram que os documentos publicados eram falsos e criticou o que chamou de “tática suja” do juiz.

“Implicar que a material é “fake” é uma tática suja, especialmente para um juiz. Seus amigos na Justiça e LJ que se comportaram de forma antiética, poderiam só revelar o conteúdo. Mas eles nem alegam que os documentos são “fake” porque sabem que são reais. Você também sabe disso”, rebateu o jornalista Greenwald.

Diálogos vazados

A reportagem ainda cita mensagens entre os procuradores nas quais eles teriam discutido uma maneira de barrar a entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, autorizada por um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O site ressaltou ter recebido os diálogos de uma fonte anônima.

Em nota divulgada nesta segunda-feira, a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba destacou que sua atuação “é revestida de legalidade, técnica e impessoalidade” e que entende ser a prisão em regime fechado uma restrição à liberdade de comunicação dos presos. “O entendimento vale para todos os que se encontrem nessa condição, independentemente de quem sejam”, argumentou. Os procuradores da força-tarefa manifestaram “preocupação com possíveis mensagens fraudulentas ou retiradas do devido contexto”.

Em um trecho de conversa, segundo o site, Moro repassou ao procurador Deltan Dallagnol pistas de uma suposta transferência de propriedade para um dos filhos de Lula. “Aparentemente a pessoa estaria disposta a prestar a informação”, disse Moro. “Obrigado, faremos contato”, respondeu o coordenador da força-tarefa.

A pessoa indicada, segundo as mensagens divulgadas, não quis falar com os procuradores. Deltan então escreve a Moro que iria argumentar ter recebido notícia apócrifa para intimá-la a depor. “Melhor formalizar, então”, aconselhou o juiz, diz o site.

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