
(OdebateON)
A saúde pública no Brasil, como sabemos, é muito completa e alcançou resultados bastante positivos desde que o Sistema Único de Saúde foi criado, porém enfrenta inúmeras dificuldades, comprometendo a qualidade do atendimento à população. Além disso, em um país de dimensões continentais e tão heterogêneo, a saúde, assim como outros aspectos (educação, segurança) é bastante discrepante no território.
A saúde no Brasil se divide hoje em pública e suplementar. A saúde pública está estruturada dentro do Sistema Único de Saúde, mais conhecido como SUS, já a saúde suplementar é a saúde privada, que compreende os planos de saúde. Atualmente, 75% dos brasileiros dependem exclusivamente do SUS, o restante da população utiliza a saúde privada.
Mesmo que algum cidadão opte por utilizar a saúde privada e adquira um plano de saúde, seja individualmente ou por convênio da empresa em que trabalha, ele não perde o direito de utilizar o SUS. Afinal, um de seus princípios é a universalidade, que significa que todos os brasileiros têm direito aos serviços de saúde.
É interessante notar a discrepância dos valores investidos nesses dois casos. Em uma de suas palestras, Drauzio Varella mostra que o SUS investe cerca de R$ 103 bilhões por ano e atende 75% da população brasileira, já a saúde suplementar, que atende apenas 25% dos cidadãos, investe R$ 90,5 bilhões. Isso quer dizer que os gastos por paciente são, em média, três vezes mais altos na saúde suplementar do que na saúde pública.
Atualmente, segundo dados do Conselho Federal de Medicina, o Brasil conta com 453.726 médicos. Esse efetivo foi alcançado após a abertura de diversas escolas de medicina nos anos 1970. Além disso, outros fatores contribuíram para o aumento no número desses profissionais, como o envelhecimento da população – e consequentemente maior demanda por serviços médicos – e a criação do SUS.
Historicamente, o número de homens médicos sempre superou a quantidade de mulheres, mas esse cenário vem se alterando. Em 2009, pela primeira vez, o Conselho Federal de Medicina recebeu mais registros de mulheres do que de homens. No total de registros, dados de 2014 mostravam que 42,5% dos médicos eram mulheres e 57,5% eram homens.
Vários estudos apontam a escassez ou ausência de médicos em diversas regiões do Brasil. Isso acontece especialmente em regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos, onde normalmente as estruturas para o atendimento à população são mais precárias. Por outro lado, há uma grande concentração de médicos nas capitais, onde há mais serviços de saúde e mais oportunidades de trabalho.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, agência da ONU especializada em saúde, o parâmetro ideal de atenção à saúde é de 1 médico para cada mil habitantes. O Brasil supera essa razão: hoje, são 2,11 médicos para cada mil habitantes. Porém, devido a essa concentração, a distribuição pelo território brasileiro é bastante desigual. Veja abaixo como se dá essa relação em cada região do país.
Atualmente, hipertensão e diabetes são as duas maiores epidemias do país. Para os portadores de ambas doenças já existe toda uma estrutura de atendimento pelo SUS. Outro problema de saúde que que deve ser analisado com cautela é a obesidade, que cresce a níveis alarmantes. Esta doença é uma das principais causas da diabetes e da hipertensão, além de ser responsável por diversas outras complicações para a saúde.
Obesidade
A obesidade, que ocorre quando há acúmulo de gordura no organismo, é em si uma doença, mas também é um fator de risco importante para outras doenças, como o câncer, diabetes e doenças cardiovasculares. Os nossos hábitos de vida e alimentares (sedentarismo, comidas industrializadas, estresse, etc.) tem contribuído para o aumento da obesidade, que já é considerada uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde.
A incidência dessa doença cresce tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento. Segundo dados de 2015 da OMS, 1,6 bilhões de pessoas no mundo estavam acima do peso, ou seja, cerca de 20% da população mundial. Dentre essas pessoas, 400 milhões já estariam no estágio da obesidade. No Brasil, temos cerca de 48% da população acima do peso e 15% com obesidade.
Como a obesidade é fator de risco para inúmeras doenças, fica evidente que a obesidade é uma questão de saúde pública e que deve ser bem compreendida para a formulação de políticas públicas.
Pode-se imaginar que os custos do SUS relacionados ao sobrepeso são altos, já que são responsáveis por diversas outras doenças, não é mesmo?
Você está certo! Uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília calculou que, em 2011, os custos para a saúde pública com doenças relacionadas ao excesso de peso foram de R$ 488 milhões, mais alto que os gastos com tabagismo, doença evitável que mais mata no mundo.
O SUS, além dos tratamentos das doenças decorrentes desse quadro clínico, investe esforços em promover a alimentação saudável e a prática de atividades físicas, tanto na prevenção, quanto no tratamento de pacientes com sobrepeso. Muitos municípios no Brasil já oferecem atendimento com profissionais da saúde mental, de educação física e nutricionistas, com o apoio da equipe de Saúde da Família.
Hipertensão
A hipertensão, popularmente conhecida como pressão alta, ocorre quando a pressão sanguínea se iguala ou ultrapassa o nível de 14 por 9, em decorrência de uma contração dos vasos sanguíneos. Como os vasos ficam mais contraídos, o sangue tem dificuldade de circular e pode acabar entupindo ou rompendo essas vias. Isto acontece no coração, nos rins e no cérebro. Quando acontece no coração é infarto; se ocorre no cérebro há derrame cerebral, conhecido também por AVC; e nos rins pode causar paralisação dos órgãos.