*Carlos B. González Pecotche
Quando se fala de pensamento, é comum referir-se indistintamente, já o dissemos noutras oportunidades, à razão, à mente, à inteligência, à reflexão, à imaginação, etc., como se tudo tivesse a mesma função, e até são muitos os casos em que se toma uma coisa por outra, sem distinção alguma.
A Logosofia define a função de pensar como um ato que a mente exerce para elaborar um pensamento, uma ideia ou, simplesmente, a descrição de um motivo que uma circunstância determinada exige para os fins de uma explicação. A função de pensar é, pois, um ato que se poderia chamar de criador, desde o momento em que cria, na mente, a existência de um pensamento ou de uma ideia que até esse instante não existia; mas esse ato também satisfaz a outras necessidades da inteligência, como é a de coordenar e selecionar os elementos que depois serão usados para encarar assuntos ou problemas, sejam eles de incumbência pessoal ou geral.
A função de pensar se diferencia nitidamente de todo esforço mental que se possa fazer para recordar conhecimentos ou coisas que se achavam ausentes da zona mental imediata ao domínio espontâneo da própria vontade, seja por esquecimento, seja por falta de uso deles. O esforço mental para recordar atrai os pensamentos esquecidos, e isto, naturalmente, nada tem a ver com a função de pensar. Cada um, segundo seja sua capacidade mental e o cultivo de conhecimentos que, por pertencerem a seu acervo pessoal, não requerem um novo processo de elaboração, e a inteligência, quando se dispõe a usá-los, espontaneamente os toma do arquivo mental próprio, arquivo que, como é natural, constitui o cabedal de saber adquirido pelo estudo e pela experiência.
No trato corrente, é frequente observar como se confunde de modo contínuo o papel que a inteligência desenvolve com o dos pensamentos e da função de pensar. Quem tiver feito estudos a fundo sobre essas questões aparentemente complexas do entendimento terá podido surpreender, sem maior dificuldade, a diferença substancial, aqui apontada, entre um e outro ato da mente ou da inteligência.
O certo é que a função de pensar se exerce, quase sempre, nos momentos dedicados ao estudo, ou naqueles em que devem ser encarados, porque assim exigem as circunstâncias, assuntos com a participação ativa da própria capacidade, diferentemente disso, nas relações diárias entre uns e outros geralmente são usados pensamentos de diversa índole, que cada um tem à disposição dentro de sua mente.
Essa discriminação que fazemos entre a função de pensar e os pensamentos é extremamente necessária para o ordenamento das atividades da inteligência e, sobretudo, para que se possa ter uma visão clara a respeito de como o ser deve se comportar no emprego das próprias opiniões e de seus juízos.
*Autor da Logosofia – Carlos B. González Pecotche – Centro de Difusão e Informação de Logogosofia de Nova Iguaçu – CDIL NI