*Célio Junger Vidaurre
Depois de vinte anos em que o ex-ministro, ex-senador e ex-deputado Roberto Campos espicaçava os políticos de sua época com juízos curtos e irônicos, dizendo: “o PT é um Partido dos Trabalhadores que não trabalham, dos estudantes que não estudam e dos intelectuais que não pensam”, vê-se que, o tempo passou e nada mudou, pois, quando os atuais interlocutores de Dilma Rousseff vão às ruas com faixas contra o seu impeachment percebe-se que tudo continua como antes.
Por todas grandes cidades brasileiras em que os petistas protestam contra o afastamento de sua presidente, a turma é a mesma de sempre, grupos que levam vantagens do governo sem nada apresentar de concreto. Falsos intelectuais e estudantes que ninguém sabe quais são as suas escolas. Mas, o pior de tudo é quando algum petista consegue chegar ao poder usando sua área de ação. Aí é que a coisa fica preta. Para continuar dominando o setor recorrem a qualquer situação, até aquela em que todos sabem que é vergonhosa, mas se mantêm no firme propósito de chegar onde querem a qualquer custo.
Por exemplo, o atual prefeito de Niterói Rodrigo Neves, criado no PT, estimulado pelo PT, eleito pelo PT, é candidato à reeleição pelo PV, porém, continua coligado e apoiado pelo PT, acreditando que o eleitorado niteroiense nada entende sobre essa questão partidária. Entregou antecipadamente importante órgão municipal de turismo para o deputado ruim de voto do PPS, aquele mesmo que está condenado pelo Juízo da 5ª Vara Cível de Niterói naquele famoso e estarrecedor episódio das “corrigendas” da Estrada Froes.
Para garantir sua reeleição o jovem prefeito não mede esforços e nem consequências. Os cargos públicos, as estatais municipais e as funções em que nomeia indicados de seus apoiadores para só receberem sem qualquer trabalho, estão sempre à disposição daqueles que querem fazer parte da próxima administração que será iniciada em primeiro de janeiro de 2017. Os setores em que Jorge Roberto Silveira encaixará seus protegidos já estão sendo articulados para o apoio final.
Então, os caras assumem uma cidade que é ex capital do Estado de 500 mil habitantes, para brincar de distribuir cargos do erário público como se fossem suas propriedades particulares. Onde está a responsabilidade desses governantes? É por isso que a Operação Lava Jato já pensa que ficar só na esfera federal não eliminará o mundo de problemas que assola o País.
Claro que é preciso dar tempo ao tempo. As Olimpíadas têm data para começar e acabar. Não tenham dúvidas, após o fim delas, as águas vão rolar. Por enquanto, não poderá haver muito estardalhaço para que os jogos ocorram com bastante tranquilidade, o País não pode ficar manchado com o grande evento. Mesmo assim, acabam de ser presos os donos da Delta Construtora e sua turma de apoio. Depois dos jogos, sim, o que houve no COMPERJ, no Maracanã, na Cidade Olímpica, no Porto Maravilha, no Metrô, na Charitas e nas delações de Ricardo Pessoa, Paulo Roberto Costa e outros, gente, vamos deixar para depois. O melhor de tudo é que, felizmente, entre o fim das Olimpíadas e o próximo pleito eleitoral haverá tempo suficiente para o eleitor refletir em quem votar.
Do jeito que está não pode continuar!
*Célio Junger Vidaurre é advogado e cronista político. Publica seus artigos em 11 jornais diários e 16 semanários, do RJ.