*Carlos B. González Pecotche
Para que se quer viver o que imediatamente irá esquecer? Que significado tem essa forma de conduzir-se? Que consciência pode haver da vida, se não se sabe encaminhá-la a todo momento como algo ativo, como algo sempre presente, sem que jamais se vá da consciência e se perca sua recordação?
Muitos seres, tantos que poderiam integrar quase toda a humanidade, preferem esquecer seu passado. Se quiserem fazê-lo, sem dúvida, porque não foi muito bom nem muito feliz. Mas eis aqui a pergunta, a cuja resposta lhes remeto: Se podemos fazer com que cada dia, com que todos os dias do futuro sejam bons e férteis para nossa vida, esqueceremos depois tudo quanto temos desejado viver, quanto temos estado vivendo, deixando que se vá? Cada um pode formular-se essa mesma indagação.
Quem deixa que a vida passe e se afaste, na esperança de alcançar com isso algum propósito, será porque não a quer, porque não a quis e, em consequência, enganou-se a si mesmo toda a sua vida. Esta é a amarga realidade que vivem os seres humanos. E por que esse passado aparece sempre como um fantasma, como algo que ninguém quer recordar? Por que muito desse tempo transcorrido foi vivido inconscientemente, não como de verdade se deve viver a vida, registrando todos os fatos na consciência. É por isso que a vida passa e se vai, necessitando os seres clamar diariamente por um dia mais, um ano, muitos anos e, claro, para deixar que a vida passe e se perca, como sempre, no esquecimento. É assim como se deve valorizá-la? É essa a prova que estamos dando a Quem criou o ser humano, de que sabemos para que estamos aqui na Terra, por que vivemos e para onde vamos?
Quando se começa a ter consciência da vida, quando ao respirar sentimos a plenitude da mesma, devemos ter presente que, ao pensar, respiramos também essa parte de vida inteligente que necessitamos viver. Pensando respiramos vida, respiramos mentalmente, permitido assim que todos os recursos mentais funcionem com normalidade, sem deficiências; e, quando se tem a segurança de que se é consciente em todos os instantes do que se pensa, do que se faz e de tudo quanto se observa, a vida adquire outro significado: deixa de ser o que foi, isto é, algo indefinido, que se vive sem pensar, para tornar-se algo em que se vive pensando e que proporciona com isso a consciência do que se vive.
Destaque: Por que o passado aparece sempre como um fantasma, como algo que ninguém quer recordar?
*Carlos B. González Pecotche – Autor da Logosofia – www.logosofia.org.br – rj-novaiguacu@logosofia.org.br