*Pedro Luiz Rodrigues
O que a sociedade brasileira gostaria de ouvir da ex-presidente Dilma Rousseff, ela não vai dizer hoje na palestra que proferirá no auditório do Hollyday Inn, no elegantíssimo bairro de Lago Nova, em Natal.
Continuaremos, portanto, sem saber como ela, na presidência do conselho de administração da Petrobras, nem sequer desconfiou que bandidos colocados pelo PT em postos-chaves haviam instalado um gigantesco propinoduto na empresa.
Não saberemos, também, quais critérios seguiu para nomear Aldemir Bendini para acabar com a roubalheira na estatal, se ele acaba de ser acusado de receber 3 milhões de reais da Odebrecht meses depois de ter assumido o comando da Petrobras.
Dilma não contará, também, por quais razões mandou derrubar o tripé macroeconômico que assegurava a estabilidade do País, para substituí-lo por um mecanismo questionável, parecido com o adotado na Venezuela de Nicolás Maduro.
Ela não vai contar nada, porque não estará falando para a sociedade brasileira como um todo, mas para um punhado de sindicalistas pronto para aplaudir qualquer sandice que seja proferida pela ex-mandatária, responsável pelo maior desastre econômico-financeiro de nossa História.
Todo o PT sabia que Dilma era um desastre. Em 2013, quando ela fazia trapalhadas umas atrás das outras, ouvi (juntamente com outros convidados presentes a um almoço) da boca de José Dirceu, o mais influente dirigente que já teve o PT, a declaração de que a então Presidente era incompetente e desastrada. Tinha toda a razão o ex-ministro da Casa Civil, pois madame conseguiu derrubar o PIB do País em quase 10% e soltar o freio da inflação.
Na verdade, seja lá o que for dizer hoje, a razão da presença de Dilma em Natal, hoje, é outra. O que ela quer, mesmo, é aproveitar a presença no Hollyday Inn para pegar, no final de semana, uma carona na versão contemporânea da ‘Caravana Rolidei’ de Lula.
A original ‘Caravana Rolidei’ (tema do filme Bye Bye Brasil, de Cacá Diegues, de 1979) era integrada por três artistas mambembes, loucos por dinheiro – Lorde Cigano (José Wilker), Salomé (Bety Faria) e Andorinha (Fábio Júnior) – atravessava o nordeste do Brasil contando lorotas e tentando arrancar vantagens dos brasileiros mais humildes do interior do Brasil.
Na verdade, o novo Lorde Cigano, Lula, preferiria que Dilma ficasse no Rio de Janeiro ou no Rio Grande do Sul, em vez de vir ao Rio Grande do Norte.
Lula e o comando do PT não estão convencidos de que sair na foto com a ex-presidente seja uma coisa positiva. Temem, mesmo, que essa presença possa ser desfavorável a Lula, caso ele venha a disputar as eleições do ano que vem.
*Pedro Luiz Rodrigues é jornalista e diplomata de carreira.