Família Bellini roubava no Minc com assessoria dos funcionários

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*Jorge Oliveira
Os Bellini não roubaram sozinhos os milhões que receberam de incentivo à cultura pela Lei Rouanet. Os verdadeiros ladrões também estão dentro do Ministério da Cultura e a Polícia Federal não consegue botar os gatunos na cadeia mesmo depois de uma blitz lá dentro. A Bellini Cultura, de São Paulo, montou um clube do crime e envolveu dezenas de pessoas para driblar a legislação que impede ter mais de cinco projetos ativos ao mesmo tempo. Tudo isso, é claro, com a cumplicidade dos servidores do ministério que tinham a obrigação de fiscalizar o desvio do dinheiro público, mas preferiram a conivência com os projetos fraudulentos da produtora paulista.
A Polícia Federal está vasculhando as contas de onze empresas e a vida de oito pessoas físicas que trabalharam em conluio com os Bellini para roubar o dinheiro dos incentivos fiscais. Eles ganhavam entre 3% e 5% pelos projetos aprovados e botavam no bolso o dinheiro arrecadado. Durante quinze anos, os Bellini atuaram no Ministério da Cultura com a ajuda de dois funcionários que também recebiam gordas comissões pelos projetos aprovados. Ora, se não limpar o ministério desses funcionários corruptos não adianta tirar o sofá da sala.
Todas as vezes que escândalos como esses acontecem, a cultura vai para o brejo porque os empresários honestos que se dispõem a contribuir com o incentivo para os projetos de filmes, livros, exposições, desconfiados, recuam para não se verem envolvidos com os gângsteres do ministério e de produtores corruptos. Foi assim com os produtores do filme Chatô, concluído depois de quinze anos. Seus responsáveis, durante muito tempo, foram investigados por desvios de recursos e por não cumprirem as exigências da Lei Rouanet.
Não existe corrupto sem corruptor. E se a Polícia Federal fizer uma investigação minuciosa dentro do ministério da Cultura certamente vai encontrar os sócios da família Bellini, aqueles que, mesmo sabendo que o clã tinha pendências nos órgãos públicos, continuaram operando com eles e liberando dinheiro para os projetos culturais. Esta, a formação de quadrilha, sempre foi a prática petista de governar e administrar o país, portanto, não se entende porque o atual ministro Marcelo Calero ainda permanece indeciso em tomar decisões para acabar de vez com esse antro de corrupção e sanear a Cultura desses malfeitores.
O assalto aos cofres públicos da organização, liderada por Antonio Carlos Bellini Amorim e Tânia Regina Guertas, sua mulher, era feito depois que a empresa deles recebia autorização para captar os recursos. A partir daí iniciavam-se as fraudes: parte do dinheiro captado era devolvido para a empresa patrocinadora; o projeto aprovado – ou parte – não era realizado; e parte – ou todo – do dinheiro captado era utilizado em eventos particulares como casamentos, batizados e festas de fim de ano. Mesmo assim, a família Bellini mamou nas tetas do Ministério da Cultura sob o olhar complacente e conivente de funcionários do órgão durante muito tempo.
Diante desse escândalo, o ministro Marcelo Calero não deveria se expor para pedir ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, cautela na CPI da Lei Rouanet que vai começar a investigar o rombo no dinheiro da cultura, provocado por produtores mafiosos. Calero deveria mostrar interesse, isso sim, na apuração dos escândalos e não “externar inquietações” como disse a Maia. Afinal de contas, quem pariu Mateus que o embale.

*Jorge Oliveira é um dos articulistas do site Diário do Poder.

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