*Carlos B. González Pecotche
As pessoas com mais conhecimento têm maior número de defesas mentais que as ignorantes; porém, a preservação contra as argúcias do mundo implica acaso proteção para os outros? Eis aqui algo em que ninguém tem preparado, se nos atemos à persistente carência desses elementos de defesa. Não basta que alguns poucos pretendam orientar os mais afetados pelas diversas formas que assume a confusão reinante, pois isso seria de todo insuficiente diante do impulso das correntes ideológicas extremadas, as quais adquirem o caráter de verdadeiras epidemias mentais.
Cada homem necessita criar suas próprias defesas mentais. Como? Adotando a posição inabalável que o faça invulnerável à influência de qualquer pensamento sugestionador que tente intimida-lo.
Quando o homem compreende que seus pensamentos e ideias não são os veículos por meio dos quais se manifestam o pensar e o sentir humanos, como efetivamente deveria acontecer, e sim que os homens mesmos se convertem – salvo exceções – em veículos dos pensamentos e ideias que povoam os ambientes, sua atitude mais lógica e prudente deve ser a de pôr-se em guarda contra os perigos dessa subversão dos valores essenciais do indivíduo. Acaso não temos visto corroborada essa subversão nas últimas décadas? Não estamos vendo, ainda hoje, convertendo os homens em dóceis instrumentos de ideias extremistas e de pensamentos dissolventes, que os incitam a percorrer o mundo para apregoa-los, como meros autômatos sem alma e sem sentimentos?
Queira-se ou não, a falta de conhecimento que signifiquem a adoção de uma conduta segura e inflexível é a causa do mal-estar reinante, da desorientação e da incerteza acerca do futuro da sociedade humana.
As defesas mentais surgem iluminando a inteligência do ser humano para conservar sua individualidade.
Tem sido preocupação básica da Logosofia esta questão das defesas mentais, por entender que é vitalíssima e porque o mal assume uma gravidade tal, que é de todo necessário trata-lo em sua raiz e em sua causa. Somos inimigos dos paliativos, que apenas contemplam as circunstâncias, e com os quais trata-se unicamente de atenuar a dor. Eles não curam o mal, como o exige a saúde moral e psicológica da humanidade.
As defesas mentais surgem iluminando a inteligência quando quem deseja conservar intacta sua individualidade aprende a diferençar os dois setores em que a família humana se divide: o dos que são donos de seus pensamentos e governam suas vidas sob os ditames das próprias inspirações, e o daqueles são vulgares serviçais dos pensamentos que arrastam o indivíduo como autômato pelas sinuosas sendas do erro, do desvio e da infração das leis penais e humanas.
As debilidades humanas contribuem para tornar mais crítica a vulnerabilidade mental. Impõe-se, pois, o fortalecimento da vida, alertando os pensamentos que obedecem a convicções profundas, para que constituam uma muralha intransponível, protegendo-se dos que atentam contra a paz e a segurança internas. É necessário adestrar-se no exercício dessas atitudes, que a vontade haverá de reforçar em cada caso, a fim de poder ampliar o campo da liberdade individual.
*Autor da Logosofia – Carlos B. González Pecotche – www.logosofia.org.br