*Carlos Bernardo González Pecotche
Para quem não esteja familiarizado com as disciplinas da inteligência – e pode-se dizer que aí se acha incluída uma boa maioria -, é muito difícil ordenar as ideias, a ponto de muitas delas se confundirem entre si, o que dá lugar a que mais tarde se produza a inibição parcial, e às vezes até total, da mente. É assim que, em grande número, os pensamentos que nela se fixaram ficam anulados, sem que tenham podido manifestar-se em nada de concreto, precisamente por não existir na mente o motivo que teria feito possível a realização deles; e tal motivo não existe porque as ideias foram confundidas umas com as outras, sem ter sido determinado o fim que cada uma cumpriria separadamente.
Ao contrário disso, quando existe na mente um verdadeiro governo próprio, as ideias podem ser ordenadas de conformidade com sua natureza. Dentro de qualquer plano que se formule, é possível configurar todo o esquema concernente à imagem, ou seja, à ideia concebida. Fica dessa maneira perfeitamente determinada a finalidade que se persegue com cada uma delas, e seu resultado, ao serem levadas à manifestação – ou seja, à prática -, existe maior probabilidade de êxito. Se uma ideia, logo após concebida, fosse considerada como inviável ou de escassa importância, seria apenas necessário eliminá-la do plano mental e, dessa forma, sem gasto algum, o esforço seria concentrado na realização prática de outra.
Este método, que pode ser aplicado a todas as atividades da inteligência – esteja ela voltada para as ciências, as artes, a literatura ou a política, como também para a indústria, o comércio ou alguma outra profissão -, economiza tempo e evita as fatigantes elucubrações mentais sobre projetos e ideias que, ao se mesclarem e se confundirem entre si, se tornam quiméricos ou irrealizáveis. A formação prática das ideias, com o respectivo ordenamento, facilita em sumo grau o trabalho executivo da inteligência. O primordial é que exista em cada propósito o sentido mais aproximado da realidade, a fim de que possa ser cumprido sem maiores obstáculos.
O método experimental de referência para o ordenamento das ideias conduz ao domínio dos pensamentos e torna mais eficaz a intervenção do juízo na solução e utilização deles, visto que, mediante sua aplicação, cada um pode ser consciente do que pensou realizar, de suas ideias e, sobretudo, de sua capacidade para fazer com que sirvam aos propósitos de sua inteligência.
*Carlos Bernardo González Pecotche – Autor da Logosofia – www.logosofia.org.br