*Carlos B. González Pecotche
É tão lento o avanço do entendimento humano em direção à realidade dos problemas que palpitam no seio do mundo – fatos notórios evidenciam isso -, que às vezes nos perguntamos se não estará chegando a hora do “juízo final” anunciado pelo pensamento bíblico, pois parece que é maior o número dos que perderam o juízo do que o dos que o conservaram, e até mesmo estes devem fazer bons esforços para não extraviá-lo, em consequência de já não saberem como se situar em meio a tantos desvios, tanta tergiversação de princípios e tanta necessidade de emendar a conduta que deve ser observada: por um lado a individual e, por outro, a coletiva, como povo. Certamente, esse “juízo final” se faz tão necessário para a conservação da espécie humana como imprescindível para que o homem recupere o juízo perfeito e se convença de que, para lhe ser possível viver em liberdade e em paz, é absolutamente exigível que deixe seu semelhante viver em liberdade e em paz. Resumindo, que ele pare de destruir a si mesmo ao destruir a vida de seu próximo, pois o horrível paradoxo que a humanidade está vivendo é este: o semelhante a quem se quis destruir está fazendo o mesmo com aquele que se propôs destruí-lo primeiro.
Fizemos referência ao “juízo final”, porém não o entendemos com o significado de fim do mundo, mas sim com o da insensatez humana. A razão deve voltar a reinar na terra; a razão do existir natural como súdito de uma criação maravilhosa, ignominiosamente negada; a razão do amor e respeito mútuo e universal, tantas vezes maculado e ofendido; a razão dos direitos e dos deveres e, sobretudo, a razão da liberdade e da justiça, instituída desde que as nações se organizam como tais, e que conceitos de civilização e progresso nasceram como necessidades imperiosas da conservação e melhoramento da raça humana, em sua condição superior no plano racional e social.
O “juízo final” haverá de ser, pois, o triunfo do juízo sobre a violência e a não razão. E, ao retornarem os homens ao juízo e à sensatez, isso significará que o juízo é final, porque é o único que pode corrigir, em última instância, o desviado rumo que a humanidade tomou.
*Carlos B. González Pecotche – Autor da Logosofia – www.logosofia.org.br – rj-novaiguacu@logosofia.org.br