*Carlos B. González Pecotche
Numa roda de amigos achava-se um homem honrado e querido em seu povoado. Alguém, que o observava há tempo, aproximou-se dele e perguntou: “Como faz para ter tantos amigos?”. “Se aceitar – respondeu o interpelado – narrarei um episódio da minha vida do qual será fácil, pensando um pouco, extrair a resposta que atenderá essa preocupação”.
Advertindo um vivo gesto afirmativo de parte de seu interlocutor, aquele homem deu começo a seu relato: “Certa vez, e isso faz muito tempo, achei em certo lugar uma enorme pedra, a qual, segundo me haviam dito, ocultava um tesouro.
Detive-me a pensar então, como faria para levantá-la, decidindo, finalmente, a socavá-la para desenterrar o tesouro. Realizei a operação e, quando consegui, depois de muito esforço introduzi-me totalmente debaixo da pedra, comprovei com desalento que o tesouro não se achava ali. Pensei, não obstante, serenando-me: as coisas boas sempre estão em cima. Propus-me, então, a abandonar o buraco. Ao me levantar para sair, bati com força minha distraída cabeça contra a base da pedra. Aguentei a dor estoicamente, e enquanto com singular entusiasmo esfregava a parte dolorida, me disse: esta pancada, sem dúvida, tem um significado. Olhei para cima, e imagine você minha surpresa, ao ver escrita na base da pedra uma fórmula secreta. Ela continha um verdadeiro tesouro! Desde então, pondo em prática o conteúdo dessa fórmula, comecei a me rodear de amigos a granel, e para conservar sempre um número crescente deles conquistava continuamente afetos novos. Por conseguinte, se dez deixavam de sê-lo, cem novos amigos ocupavam seu lugar no espaço de minha vida consagrado à amizade.
Eis aí, pois, o segredo de meus tantos amigos.
*Carlos B. González Pecotche – Autor da Logosofia – www.logosofia.org.br