*Carlos B. González Pecotche
Fundamentalmente, todos os seres humanos respondem a três aspectos: o mental, o sentimental e o instintivo. São eles, segundo suas diversas variações e características, os que contribuem para formar o temperamento humano.
O primeiro aspecto – sem dúvida o mais importante – está representado pela mente com todas as suas faculdades. Cada mente produz e irradia certa classe de pensamentos que constituem seu objetivo e sua predileção; estes se multiplicam ou se eliminam, segundo a maior ou menor força com que atuam dentro da mente e, em consequência, sobre a vontade do indivíduo. Sua qualidade se reflete nas ações e procedimentos do homem, uma vez que os pensamentos influem de forma decisiva em suas atividades.
Quanto ao segundo aspecto, vamos dividi-lo, para melhor compreender sua natureza, em duas grandes categorias: sentimento comum e sentimento superior.
O primeiro é reconhecido no fato de ser efêmero, instável e de certa efusividade em sua expressão. Reflete correntemente a condição medíocre do homem, já que responde a influências externas; esta classe de sentimentos costuma ser motivada pelos prazeres de uma festa, a gritaria de uma multidão, o interesse de um espetáculo vulgar e, em geral, por tudo o que está excluído do caráter inerente à verdadeira e elevada hierarquia moral e intelectual. Quase sempre eles induzem a falar em excesso e a agir de forma arrebatada e sem controle, muitas vezes levando as pessoas a situações das quais devem se desculpar depois, manifestando haver dito tais coisas ou feito tais tolices porque estavam muito emocionadas.
O sentimento elevado tem uma origem mais nobre e essencial. Responde a um pensamento superior que lentamente se foi transformando, até condensar-se em sentimentos; vale dizer que ele se foi identificando com o ser até perdurar para sempre na intimidade do seu coração. Não se expressa por meio do bulício nem da agitação irrefletida muito ao contrário, atua silenciosamente, mas com toda a segurança, sempre que se depara a oportunidade de exteriorizar-se em obras de real utilidade. O anelo de ser melhor, o amor a Deus, a aspiração de ajudar o próximo, são formosos exemplos desta categoria de sentimentos.
O terceiro aspecto, o instintivo, é o que habitualmente acumula as confusões mais temíveis. Provém da parte inferior da constituição humana, e sua influência está representada nas paixões. É comum identificar o instinto com a corrente genésica; mas, em rigor, como já expressou a Logosofia, esta devia constituir uma linha intermediária entre a região instintiva e a do sentimento superior. Se hoje em dia não acontece assim, isso se deve ao relaxamento que, através dos séculos, vem sendo experimentado pela raça humana, cuja sensibilidade natural está contaminada pelo desenfreio do instinto.
Para terminar, recordaremos que os três aspectos da idiossincrasia humana que acabamos de descrever estão, como é lógico, intimamente vinculado entre si, e suas influências interferem na forma caraterística que configura com precisão o temperamento de cada um.
*Carlos B. González Pecotche – Autor da Logosofia – www.logosofia.org.br – rj-novaiguacu@logosofia.org.br – Tel. (21) 27679713 – 3ª e 4ª das 18;00h as 21:00h.