Que o novo ano seja velho

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*Taís Braga

Parece uma incoerência, mas desejo de coração que o ano novo venha carregado de velhos sentimentos, energia reaproveitada e relações de convivência “ultrapassadas”. Cansei de correr contra o tempo para descobrir frases ainda não escritas ou não ditas, de me cobrar na primeira linha do tempo futuro e de padecer diante da intolerância e da patrulha dos que consideram que o passado é um lugar que não pode oferecer mais que lembranças.
Quero, sim, aquele velho sentimento de querer bem ao outro, de respeitar os mais velhos pela vivência e não pelo tempo de vida; os mais fracos pela solidariedade não tão somente pela fragilidade; e todos, por serem humanos e não por pertencerem a segmentos da sociedade. É claro que há casos específicos em que é necessária uma postura mais firme.
Espero que em toda essa energia empregada diariamente nas redes sociais, nas discussões nos locais de trabalho, nas mesas de bares, nas salas de aula, nos encontros, nos debates em que os ânimos começam acirrados por preconceitos, passe a ser uma energia limpa, tipo energia eólica. Aquela que vem chegando como uma brisa, nos envolve, nos move em busca de produção de mais energia. Daquelas boas, que empurram pra frente, sem deixar resíduos (sentimentos) sujos que impedem o processo de crescimento, de avanço para uma vida melhor.
Quero de volta aquelas relações de ontem, hoje quase desconhecidas, nas quais amores, amizades e contatos sociais e profissionais sejam baseadas na paciência, no ouvir verdadeiro, na compreensão, e na certeza de que o outro e um ser diferente, com expectativas diferentes, com temperamento, com desejos e limites únicos, e que, por isso, fazem desse ser uma companhia que pode ser a perfeita para sua vida.
Gostaria, mesmo, que o ano novo trouxesse de volta a compreensão de que o que vivemos antes abre o caminho para o que poderemos seguir. É no passado que aprendemos. E, ao contrario do que parece, ele não é findo, está sempre em movimento, dependendo da ação do presente. Este, sim, é efêmero, já que o futuro ainda não chegou. Mas isso é divagação para uma vida inteira. No momento, desejo apenas que o ano de 2018 seja tudo que você deseja.

*Taís Braga é jornalista e editora no jornal Correio Braziliense, no qual este artigo foi publicado originalmente.

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