Um novo holocausto

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*José Maria Couto Moreira

O mundo está no proscênio de uma ameaça aterradora. Juntaram-se duas figuras de mando, a primeira com um poder de destruição determinadamente alardeado por suas atitudes literalmente infantis, sem medida de responsabilidade de Estado, em parte provenientes de seu status político de ditador, condição transmitida pelo pai. O segundo, dono de inexcedível e única expectativa no planeta, ameaça enfrentar, de forma amedrontadora e exclusiva, o já anunciado desvario do títere entronado da Coréia do Norte. O primeiro se regozija (aquele fanfarrão gorducho), a cada dia, por seus exercícios de balística de alcance continental, ditando aos vizinhos e ao mundo o suposto grau representativo de seu poderio bélico, argumentando com mísseis e gargalhadas sua capacidade e suas tendências genocidas, e anuncia concretizá-las com uma devastação em caso de não lhe serem reconhecidas a autoridade e a afronta que seus caprichos causam a todos.
Assim está o mundo. Os Estados Unidos, especialmente, estão atentos ao enunciado latino: “si vis pacem para bellum”. O cenário lembra aquele vergonhoso episódio que foi a Segunda Guerra Mundial, em que o Império do Japão, tomado de patriotismo exacerbado, bombardeou, em dezembro de 1941, solerte e cruelmente, unidades da aeronáutica e da marinha dos Estados Unidos estacionadas em Pearl Harbour. O ataque, jamais esperado, inspirou o almirante Yamamoto, comandante da emblemática marinha japonesa em seu comentário após o bombardeio: acordamos um gigante adormecido. Os americanos, por sua vez, assim o provaram. Humilhados e iradamente revoltados, tomaram-se de vingança, e, com o êxito do chamado Projeto Manhatan, finalizaram o que seria a decisiva arma no ataque a Yroshima, sem pesar que vidas inocentes, crianças, mulheres, velhos, enfim, duzentos e cinquenta milhares de civis, fossem surpreendidos com o mais moderno, destruidor e sanguinário artefato atômico, e lançaram-no a 6 de agosto de 1945. Não contentes com o trágico resultado de sua empreitada, três dias após consumaram os EUA uma nova investida, agora contra Nagazaki, dizimando outros milhares de cidadãos japoneses alheios ao conflito.
Se o maníaco nazista não tivesse patrocinado e conduzido aquele doído episódio na história da humanidade, que configurou o grande holocausto, os Estados Unidos não ficaram longe deste enquadramento quando despejaram o plutônio assassino sobre inocentes no Japão. Reincidiram no erro protagonizando o segundo espetáculo, este então muito mais cruel, visto que o Império do Japão já se desmoronara.
E será que aquele holocausto não ensinou nada ao mundo? Será que os potenciais beligerantes de agora não se dão conta de que o planeta não é apenas deles, mas habitado por bilhões de humanos, cada um construindo seu destino ?
Quem se dispuser a pensar desapaixonadamente os acontecimentos que ilustraram aquele agosto aziago não encontrará conclusão que acoberte ou inocente o infeliz Truman. Sua disposição de acelerar o fim do conflito não justifica a terrível vontade de exibir ao Japão e ao mundo o poderio bélico norteamericano. O bombardeio sobre Hiroshima e Nagazaki é uma nódoa na brava história dos Estados Unidos. E que se lembrem de que não vivem sós.

*José Maria Couto Moreira é advogado.

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