Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Um acidente envolvendo uma van de transporte alternativo e um carro de passeio deixou dois mortos e pelo menos 19 feridos no Bairro da Luz, em Nova Iguaçu. Segundo testemunhas, a van vinha em alta velocidade pela Rua Tertuliano Pimenta quando cruzou a Via Light e atingiu o automóvel e capotou. Com a força do impacto, um poste foi arrancado do chão e caiu na pista. Quatro ambulâncias do 4º GBM (Nova Iguaçu) e três do SAMU prestaram os primeiros socorros às vítimas. Elas foram levadas para o Hospital Geral de Nova Iguaçu, na Posse.
A van (LKY 2538) que fazia a linha Cabuçu x Nova Iguaçu, da cooperativa Prados Verdes, era guiada pelo motorista Alexandro da Silva Feitosa, 31 anos. Ele nega que estivesse em alta velocidade, mas admite que transportava mais pessoas que o permitido. Segundo ele, um carro de fiscalização da Secretaria Municipal de Transporte, Trânsito e Mobilidade Urbana de Nova Iguaçu o perseguiu, fazendo com que ele se assustasse e atravessasse o cruzamento sem frear, atingindo um Palio de cor prata (LPA 0541). “Tinha 18 passageiros na van (o veículo tem capacidade para transportar até 12, além do motorista), vi pelo retrovisor que os fiscais estavam me perseguindo e fiquei assustado. Eles queriam arrancar o selo que tem na frente da van, pois aí nós não podemos circular e temos que pagar multa”, afirmou Alexandro, garantindo que estava dentro do limite de velocidade daquele trecho da Via Light, que é de 60 km/h. “O tacógrafo vai comprovar”, completou.
Uma mulher caminhava pela calçada da Via Light quando viu o acidente. Ela confirma a versão do motorista, mas afirma que a perseguição foi em alta velocidade. “O acidente só aconteceu o carro da prefeitura iniciou uma perseguição. Não era necessário, os fiscais poderiam anotar a placa da van e, depois, tomar as providências necessárias”, contou a moradora do Bairro da Luz, que preferiu não se identificar. Segundo ela, a inauguração daquele trecho da Via Light tirou a paz dos moradores.
“Aqui acontece acidente quase todos os dias. Falta sinalização, agentes de trânsito, o matagal está muito alto e impossibilita que os motoristas consigam ver se vem algum outro carro nos cruzamentos. Ano passado um carro caiu dentro de um valão depois de ser atingido por um ônibus na altura do Viaduto próximo ao Extra”, recordou a testemunha.
A trabalhadora autônoma Maria Cristina da Conceição estava na van e conta que o motorista dirigia mais rápido do que deveria. “Estava correndo muito. Ando de van todos os dias e isso nunca tinha acontecido, mas desta vez a velocidade estava acima do normal”, disse a mulher, que sofreu ferimentos no rosto.
O carro de passeio era dirigido pelo motorista Marcelo de Aguiar. Ele ia do bairro Canaã com destino a Vilar dos Teles, em São João de Meriti, onde para onde levaria sua sobrinha, Márcia de Aguiar, que faz aniversário nesta quarta-feira. “O meu filho estava com um corte na cabeça, mas parecia bem. A Márcia estava inconsciente e foi levada para o Hospital da Posse. Não sei como ela está”, contou o pai de Marcelo, Mauri Lopes, 70 anos.
Perseguição é rotina, afirmam motoristas
Um grupo de motoristas que trabalham no transporte alternativo esteve no local do acidente e revelou que perseguições como a que teria causado o acidente de ontem têm se tornado frequentes em Nova Iguaçu. Segundo eles, o objetivo de alguns fiscais é unicamente prejudicar os motoristas, retirando o selo que permite a circulação pela cidade, tornando os veículos irregulares e fazendo com que os responsáveis sejam multados.
“Os fiscais ficam escondidos e nos abordam para pegar nosso selo. Este acidente não precisava acontecer. Cada van tem uma identificação numérica e, mesmo o motorista estando errado, os fiscais podem abordá-lo depois. A perseguição induziu o Alexandro a cometer o acidente”, afirmou o colega de profissão Fabiano Lima.
A Secretaria Municipal de Transporte, Trânsito e Mobilidade Urbana de Nova Iguaçu informou que a van dirigida por Alexandro foi vistoriada na semana passada e que não consta qualquer irregularidade. Sobre o acidente e a acusação de perseguição por parte dos fiscais aos motoristas, a secretaria informou que vai aguardar a apuração policial para tomar as devidas providências.
por Raphael Bittencourt (raphael.bittencourt@jornalhoje.inf.br)
