Alunos ocupam Instituto de Educação Rangel Pestana

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Ivan Teixeira/Jornal de Hoje Legenda: Cartazes na fachada do IERP apontam as reivindicações dos estudantes para que espaço seja desocupado
Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Legenda: Cartazes na fachada do IERP apontam as reivindicações dos estudantes para que espaço seja desocupado

Alunos do Instituto de Educação Rangel Pestana (IERP), em Nova Iguaçu, ocupam a unidade desde a última segunda-feira (18) em apoio à greve dos professores da rede estadual. Os estudantes também reivindicam melhorias estruturais e na merenda escolar, entre outros setores. O IERP é a primeira escola estadual de Nova Iguaçu a ser ocupada pelos discentes, a terceira da Baixada Fluminense e a 62ª do Estado do Rio de Janeiro.

A decisão foi tomada na segunda-feira, após a assembleia realizada na própria unidade escolar e contou com mais de 200 estudantes. Segundo eles, cerca de 130 ficam na escola 24 horas por dia. Na tarde de ontem, outra reunião foi realizada, a fim de debater as atividades a serem postas em prática enquanto o grupo permanecer no local.

Cartazes pendurados na frente do IERP revelam a ausência de professores e da direção. Também é possível ver as frases “por uma educação melhor”, “tá calor, tá abafado, queremos ar condicionado” e “sauna de aula não”, alusões a um dos principais pedidos de melhoria, a climatização das salas.

Ivan Teixeira/Jornal de Hoje Legenda: Grupos se dividem na cozinha e também fazem a limpeza e segurança do instituto
Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Legenda: Grupos se dividem na cozinha e também fazem a limpeza e segurança do instituto

“A manifestação se baseia num antigo decreto estadual, o qual determina que as salas de aula não poderiam estar com temperaturas superiores a 25°C. Porém, medições feitas diversas vezes por nós mesmos apontaram temperaturas superiores a 40°C”, conta Arthur Cordova, de 18 anos, aluno do 2º ano de Ensino Médio. “Além disso, existem diversas outras reivindicações. Queremos merendas melhores, mais professores e funcionários, além da manutenção das instalações prediais em boas condições”, acrescentou.

Kathelyn Prudêncio, 17, do 3º ano, justificou a ocupação como um apoio à classe. “Nós somos futuros professores, então devemos apoiar a causa deles. Estamos vendo que são desvalorizados a cada dia. Nós estamos fazendo a nossa parte aqui no Rangel. Estamos limpando, cuidando do que é nosso. Enquanto uns limpam, outros cozinham e outros fazem a segurança. Assim seguimos até que nossas reivindicações e a dos professores sejam atendidas, para que possamos decretar o fim da ocupação”, afirmou a estudante.

Além da limpeza e manutenção do local, os alunos estão promovendo atividades culturais. É possível acompanhar o dia a dia da ocupação através do Facebook. No campo busca, basta procurar por Ocupa IERP.

Comerciantes locais apoiam à ocupação

Alunos mostram doações que receberam de comerciantes locais Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Alunos mostram doações que receberam de comerciantes locais
Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

Os estudantes estão pedindo doações nos comércios, que ficam nos arredores do IERP para se manterem. Eles já conseguiram alimentos e materiais de limpeza, de professores, do Sindicato dos Profissionais de Educação (Sepe/RJ), de mercados e de outras pessoas que passam pelo local e ajudam como podem.

A auxiliar de nutrição Luciana Conceição, 38 anos, mãe da aluna Natália Conceição, 17, do 3º ano, está de acordo com as reivindicações dos estudantes e acompanhada da filha, esteve ontem na escola para ver a luta dos estudantes.

“Alguma coisa tem que ser feita. Uma instituição tão conceituada como esta não pode ser abandonada desse jeito. É o direito que os alunos têm de brigarem por educação de qualidade, merendas descentes, já que estudam o dia todo e não podem ficar a base de biscoito e água”, desabafou a mãe.

Outro apoio ao ato vem de uma ex-aluna, que atualmente está como vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). Dayane Sommer, de 19 anos, estudou no Instituto de Educação Rangel Pestana e hoje é aluna da Fundação Apoio à Escola Técnica (Faetec), que também se encontra em greve. Por ser integrante de um importante movimento estudantil,Dayane se mantém presente em busca das soluções vitoriosas para os estudantes e professores.

Em boletim divulgado no Facebook, a Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel), que apoia os secundaristas, defendeu mais ocupações. “É preciso ocupar cada vez mais escolas e transformá-las no que já deveriam ser a muito tempo: escolas livres e em luta pela educação pública”, diz o texto.
A primeira ocupação de uma escola no estado, o Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, completa um mês amanhã. Entre as principais demandas estão o fim dos cortes de verbas para a Educação, mudanças no currículo mínimo e a extinção do Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Saerj).

Ação no Ministério Público

Em 2015 os estudantes da rede estadual conseguiram se reuniram com o governador Luiz Fernando Pezão. Na ocasião, eles levaram suas reivindicações ao chefe do poder Executivo, mas nada teve solução. Os alunos conversaram com representantes da Metropolitana I, de Nova Iguaçu e até hoje nenhuma reivindicação foi atendida. O grupo então criou o ‘Escola Mais’, uma união de diversas escolas da Baixada Fluminense, que organizou um abaixo assinado com mais de 1.500 assinaturas.

Este documento foi protocolado ontem no Ministério Público, pela aluna Carolina Ferraz, 18, da Escola Estadual Doutor Mário Guimarães, em Nova Iguaçu. Carol é estagiária do órgão estadual e aproveitou a oportunidade para dar andamento ao pedido contra o sucateamento das escolas, falta de professores e manutenção das instalações, entre outras reivindicações.

Desocupação é condição para melhorias

Em nota, a  Secretaria de Estado de Educação informou que identificou o movimento em 57 escolas e que os casos específicos de cada unidade serão analisados após a desocupação. “O secretário de Estado de Educação, Antonio Vieira Neto, já recebeu alunos representantes de colégios ocupados e do Sindicato, com o objetivo de ouvir as reivindicações. Entre os assuntos tratados com os estudantes, ficou estabelecido que após a suspensão do movimento e liberação dos espaços, uma equipe será encaminhada para realizar as correções que se fizerem necessárias”.
Além disso, visando a maior participação estudantil nas decisões escolares, a Seeduc se comprometeu a conversar com  a direção das duas unidades escolares para que organizem o grêmio estudantil e fortaleçam os conselhos escolares. Em relação ao currículo, a Seeduc esclareceu que há uma discussão nacional em andamento sobre o tema, que prevê a elaboração de uma Base Nacional Comum Curricular. Os alunos também receberam informações sobre a importância da realização do  Saerj, que é a avaliação anual realizada nas escolas estaduais, para a melhoria do ensino público.

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