
Foto: Mauricio Pingo
A implantação de uma rodovia com interligação entre os municípios de Duque de Caxias, Belford Roxo, São João de Meriti, Mesquita e Nilópolis, na Baixada Fluminense, o incentivo à geração de empregos no entorno do Arco Metropolitano, em Magé, e a atração de incentivos para o fortalecimento da economia em São Gonçalo, fortalecendo a centralidade do bairro de Guaxindiba.
Estas foram algumas das sugestões apresentadas por secretários e técnicos dos municípios da região metropolitana e do Governo do Estado, reunidos na última sexta-feira, dia 9 de setembro, no Palácio Guanabara, durante o Encontro Projetos Urbanos Multifuncionais. O evento foi promovido pelo Governo do Estado, através da Câmara Metropolitana, em parceria com a WRI Cidades Sustentáveis, entidade que integra o Conselho Consultivo do Plano Estratégico.
De acordo com o diretor-executivo da Câmara Metropolitana, Vicente Loureiro, as principais ideias serão incorporadas ao Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado Modelar a Metrópole, e aos Planos de Mobilidade Urbana (Promob), ambos em desenvolvimento e sob a coordenação da Câmara Metropolitana.
“Nosso grande desafio é passar do discurso para a prática. Muitas vezes, ao elaborar projetos, reforçamos a visão setorial, com resultados insignificantes. O objetivo é melhorar a vida metropolitana e desenvolver um modelo mais sustentável para esses municípios, que leve mais qualidade de vida para a população, e para isso precisamos buscar alternativas holísticas, desenvolvendo projetos multifuncionais”, afirmou Vicente Loureiro.
Segundo Loureiro, o encontro teve o objetivo de conhecer de perto a realidade das cidades da região metropolitana através de sugestões de secretários e técnicos das áreas de Urbanismo, Habitação e Mobilidade e de representantes do Governo do Estado e de concessionárias de serviço público.
O evento contou com as palestras de Nívea Oppermann, diretora de Desenvolvimento Urbano da WRI, que falou sobre a experiência do Transit Oriented Development (TOD), projeto de desenvolvimento urbano no entorno de estações, já implantado em cidades como Curitiba (PR). Em seguida, o secretário de Fazenda da Prefeitura de Canoas (RS), falou sobre a implantação do aeromóvel na cidade gaúcha. “O aeromóvel foi pensado como um novo modo de transporte de massa e será o eixo central da rede de transportes em Canoas. É uma solução que será aplicada sem a necessidade de desapropriação das pessoas, além de ser integrado aos modos que já operam”, explicou.
O engenheiro e consultor Renato Grilo Ely falou sobre os benefícios das parcerias público-privadas como alternativa de financiamento para a implantação de sistemas BRT. “O BRT é um sistema que tem como resultados a divisão mais equilibrada do sistema viário e a redução nos tempos de deslocamento para os passageiros. A divisão de responsabilidades entre setor público e privado é um caminho para a implantação eficaz e com qualidade desses sistemas, com ganhos para os dois lados”, opinou.
“Vivemos um momento oportuno para pensar a construção das cidades. A Nova Agenda Urbana, que será debatida em Quito, no Equador, durante o Habitat III, propõe que repensemos o desenvolvimento urbano, buscando um modelo mais equilibrado e sustentável. A Região Metropolitana do Rio vai nessa direção com o trabalho que vem sendo desenvolvido”, afirmou Luis Antonio Lindau, diretor da WRI.
Ideias e sugestões em pauta
O Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado do Rio de Janeiro vai orientar o desenvolvimento das cidades da Região Metropolitana, endereçando desafios comuns e construindo soluções conjuntas, capazes de qualificar os serviços para além da escala municipal. Com o objetivo de desenvolver propostas que contemplem os diferentes contextos e necessidades da região, representantes dos 21 municípios da RM participaram de uma atividade prática para pensar juntos em novas soluções.
Os participantes foram convidados a elaborar ideias e propostas dentro de dez tópicos: melhorias operacionais nos principais corredores de mobilidade; estações ou pontos modais para integração intermodal; aproveitamento de vazios urbanos; ativos urbanísticos subutilizados (faixas de transmissão, margens de rio etc.); recuperação de áreas degradadas; soluções para deslocamentos não motorizados; fortalecimento e adensamento de centralidades; áreas vocacionadas para atividades industriais e logísticas; parques regionais de lazer e operações urbanas de escala metropolitana.
Divididos em grupos, representando seis blocos da Região Metropolitana, os cerca de 130 participantes analisaram os principais problemas e discutiram as potencialidades de cada bloco de cidades. Na sequência, os grupos elaboraram suas propostas: as ideias de projetos foram desenvolvidas seguindo uma abordagem global, com soluções integradas. As ideias foram apresentadas pelos grupos, diante de um mapa da Região Metropolitana do Rio, para que pudessem ser debatidas com os demais. Depois, elas serão analisadas para integrarem o Plano.
“Não é só uma coisa ou outra: são as duas juntas e muitas mais. É dessa complexidade – dessa multifuncionalidade – que precisamos para qualificar a vida nas nossas cidades. Nós temos a obrigação de buscar soluções que conectem as centralidades de toda a nossa Região Metropolitana e hoje avançamos nessa tarefa”, finalizou Vicente Loureiro.
As principais propostas foram as seguintes, de acordo com as regiões:
1) Niterói, São Gonçalo Itaboraí e Maricá – fortalecimento da centralidade de Guaxindiba, no bairro de São Gonçalo, e implantação do metrô de BRT, ligando Niterói a São Gonçalo.
2) Centro do Rio de Janeiro e São João de Meriti – revitalização do bairro de Vilar dos Teles, em São João de Meriti e ligação do metrô no trecho Estácio – Carioca.
3) Zona Oeste do Rio, Seropédica e Itaguaí – revitalização como centralidade do Porto de Itaguaí e do ramal ferroviário entre Santa Cruz e o município, além da criação de uma Área de Proteção Ambiental (APA) em Seropédica no espaço deixado pelos areais.
4) Cachoeiras de Macacu, Rio Bonito e Tanguá – investimento de saneamento em Cachoeiras de Macacu e fortalecimento do município como fonte produtor de água.
5) Duque de Caxias, Magé e Guapimirim – recuperação do trecho ferroviário entre Saracuruna e Guapimirim e reativação do porto hidroviário de Piedade, em Magé.
6) Nova Iguaçu, Belford Roxo, Japeri, Queimados e Nilópolis – construção da rodovia TransBaixada, ligando Duque de Caxias até Nilópolis, interligando a Via Light, a Rodovia Washington Luís e o Campo de Gericinó, em Nilópolis, reurbanização da Rodovia Joaquim da Costa Lima, em Belford Roxo, e criação de uma rede metropolitana de parques.