Cidades da Baixada atendem pessoas em situação de rua

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp
Em Meriti, uma unidade móvel percorre a cidade três vezes por semana realizando atendimentos de saúde Foto: Assimp Meriti/ Luiz Alberto
Em Meriti, uma unidade móvel percorre a cidade três vezes por semana realizando atendimentos de saúde
Foto: Assimp Meriti/ Luiz Alberto

O governo lançou uma campanha para mobilizar trabalhadores da saúde, gestores e comunidade sobre o direito de assistência à saúde da população em situação de rua. Com o título “Políticas de Equidade. Para Tratar Bem de Todos. Saúde da População em Situação de Rua”, a ação tem caráter informativo, com distribuição de cartazes nas unidades de saúde e nos serviços de assistência social e direitos humanos.
De acordo com o ministro da Saúde, Arthur Chioro, é preciso acabar com o preconceito contra essa população, e fazer chegar à informação que não é necessário ter documento ou comprovante de residência para as pessoas serem atendidas na rede pública de saúde. O objetivo é valorizar a saúde como um direito humano de cidadania e ressaltar que as pessoas em situação de rua, independente das condições de higiene, do uso de álcool e outras drogas ou de falta de comunicação, têm o direito de serem atendidas pelo SUS.
O Ministério da Saúde lembra que desde 2011 existe o Consultório na Rua, um serviço que faz a busca de pessoas em situação de rua. As principais causas de internação dessas pessoas atendidas pelas equipes são relacionadas ao uso de drogas, problemas respiratórios e causas externas, como acidentes e violência. Dados de 2010 apontam que há cerca de 50 mil adultos em população de rua no país, e 24 mil crianças e adolescentes. Na Baixada Fluminense, os municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti desenvolvem o programa.
Segundo a secretaria de Saúde de Duque de Caxias, a ação é desenvolvida na cidade desde abril de 2012. O trabalho iniciou como consultório de rua, através da saúde mental, e recentemente habilitado como Consultório na Rua, ligado a Atenção Básica de Saúde. O programa conta com uma equipe formada por psicólogo, assistente social e enfermeiro e educador social. A secretaria municipal de Assistência Social também realiza o trabalho com essa população através de equipes de abordagem social, algumas vezes essa ação é acompanhada pelo profissional da guarda municipal. Este ano cerca de 400 pessoas foram atendidas.

 

O perfil do excluído social

Em Caxias, a equipe do Consultório na Rua – CR – visita os pontos da cidade previamente estabelecidos, onde as pessoas em situação de rua estão. Os locais são mapeados pela equipe e os atendimentos acontecem todas as semanas. O público alvo são crianças, adolescentes e adultos em situação de alta vulnerabilidade, vivendo na rua ou em comunidades empobrecidas e, em uso ou não de substâncias psicoativas. Na cidade, o que prevalece são pessoas entre 18 e 50 anos, homens, pardos ou negros, usuários de múltiplas drogas, baixa escolaridade, presença de doenças respiratórias como tosse, pneumonia, febre, tuberculose, dermatites e alguns casos de HIV.
“O CR tem como objetivos promover ações de saúde e vínculo da equipe interdisciplinar com pessoas em situação de rua, usuária de substâncias psicoativas ou não; promover ações de redução de danos no território; desenvolver a aproximação dos usuários com a rede de saúde mental e a atenção básica; garantir o atendimento da pessoa e ter acesso a rede de saúde e intersetorial; melhorar as condições gerais de saúde das pessoas atendidas pelo Consultório na Rua; promover ações intersetoriais de saúde e com outras políticas sociais; promover os direitos humanos dos usuários de substâncias psicoativas; incentivar práticas de cuidado entre os usuários de substâncias psicoativas e demais sujeitos”, explicou a coordenadora de Saúde Mental de Caxias, Nilzete Costa.

 

Mais de 500 atendidos em Nova Iguaçu

Em Nova Iguaçu mais de 500 pessoas foram atendidas ao longo de dois anos e meio. Foto: Everton Barsan
Em Nova Iguaçu mais de 500 pessoas foram atendidas ao longo de dois anos e meio.
Foto: Everton Barsan

Na cidade de Nova Iguaçu, o programa começou a funcionar em 2011 como Consultório de Rua, voltado especificamente para questões de álcool e drogas. Em 2013, a atual gestão solicitou ao Ministério da Saúde a transição para Consultório na Rua, com o objetivo de ampliar a oferta de serviços em saúde. Desde então, as duas equipes multidisciplinares que trabalham no programa atuam facilitando o acesso dos moradores de rua aos serviços de saúde oferecidos n a cidade.
Segundo informações da secretaria de Saúde que trabalha em parceria com a Assistência Social, mais de 500 pessoas já foram atendidas em Nova Iguaçu ao longo de dois anos e meio, sendo que atualmente existem 240 cadastrados. As abordagens do CR são realizadas na rua e quando há necessidade de acompanhamento médico ou de realização de exames, estes serviços são realizados nas unidades de saúde. Ainda não existe uma estimativa da população de rua na cidade, segundo a secretaria porque o número é muito flutuante, os moradores nem sempre permanecem no mesmo lugar por muito tempo. A faixa etária varia entre 17 e 70 anos. “O acesso à saúde de qualidade é um direito de todos e o trabalho do consultório na rua é fundamental para fazer essa ponte entre os nossos serviços e a população de rua”, disse o secretário de Saúde de Nova Iguaçu Luiz Antônio Teixeira Jr.

 

Resgate da dignidade

Em São João de Meriti, uma equipe multidisciplinar, composta por médico, psicólogo, assistente social, dentista, enfermeiro, técnico de enfermagem e agentes sociais, promove o programa no consultório volante, que tem base na Vila União, em São Mateus. Um trailer adaptado percorre a cidade para realizar atendimento ginecológico, de clínica geral, dental e prestar assistência social, com vistas a promover cuidados à população mais exposta à insalubridade e vulnerável a doenças. O programa garante atendimento com consultas, curativos, aferição de pressão arterial, exames laboratoriais e, em casos mais graves, internações.
Segundo a assistente social e coordenadora do programa, Debora Tais de Mattos, o Consultório na Rua percorre a cidade nas segundas, quartas e sextas-feiras, das 8h às 17h. Nas terças e quintas-feiras, o atendimento é realizado somente na Vila União, das 15 às 21h. O serviço também pode ser acionado pelo telefone 2655-8443. De janeiro a julho deste ano foram realizados 1328 atendimentos. De acordo com as estatísticas, nos últimos seis meses foram cadastrados pessoas com idades de 20 a 59 anos, atendidas pelo ‘Consultório na Rua’ em Meriti. A maioria homens na faixa etária de 50 a 59 anos e mulheres de 20 a 39 anos em fase laborativa, ou seja, poderiam estar exercendo alguma atividade produtiva.
“Nossa abordagem é para tentar conquistar a confiança dessas pessoas. Em um primeiro momento existe o medo de que estejamos ali para recolhê-los das ruas, mas quando percebem que não, eles se aproximam e nos permitem fazer os procedimentos médicos. São histórias de vidas, muitas delas marcadas por tragédias, drogas, álcool e outros problemas. E a nossa contribuição é a de lhes devolver dignidade”, declarou Debora Tais.

 

por Ana Paula Morescke
amoresche@jornalhoje.inf.br

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp

Nunca perca nenhuma notícia importante. Assine nosso boletim informativo.

Publicidades

error: Conteúdo protegido!