
Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
O Dia da Cultura é celebrado no Brasil em 5 de novembro. Em São João de Meriti, o Circo–Escola Benjamim de Oliveira está preparando uma programação especial para a data. Crianças e adultos poderão participar de aulas gratuitas que irão acontecer a partir das 16h no Centro da cidade. Para aqueles que apreciam as artes circenses e a magia do circo, eis uma boa oportunidade.
O Circo-Escola faz parte do projeto Território de Educação para Promoção das Relações Etnico-Raciais (Tepir), da ONG Se Essa Rua Fosse Minha (SER). A trupe se apresentará na Praça da Matriz proporcionando aulas gratuitas para o público acima de oito anos. Serão oferecidas oficinas de brincadeiras e perna de pau. Para Cesar Marques, o coordenador da ONG, a apresentação irá resgatar o lúdico nos inscritos para aula especial.
“A ideia é mostrar um pouco do trabalho da trupe circense do Tepir, com espetáculos e oficinas para quem chegar. E é para todos, de 8 a 80 anos. O objetivo é resgatar a poesia da infância por meio de brincadeiras de rua que serviram de inspiração para o espetáculo da trupe, como dar cambalhotas, andar de pernas de pau, pular cordas, entre outros”, explicou Cesar. “O Dia da Cultura foi escolhido para mostrar a importância da ocupação criativa das praças e ruas, resgatando o direito à cultura e lazer, com brincadeiras e alegria, afinal, como diz o poeta, a gente não quer só comida”, complementou Marques.

Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Em junho deste ano, o projeto foi um dos seis circos sociais selecionados para se apresentarem na segunda edição do festival internacional do circo social, o Circomondo. O festival, que tem como um dos objetivos dar visibilidade ao circo social como método pedagógico de integração social, aconteceu na cidade de San Gimignano, na Itália, e reuniu representantes do Afeganistão, Quênia, Líbano, Espanha, Itália e do Brasil.
“O Circo-Escola social do Se Essa Rua, sempre teve reconhecimento internacional, mas não tínhamos contatos ainda com os grupos da Itália. Quando recebemos o convite, embora tenhamos outras frentes de circo, achamos que era hora de privilegiar a Baixada pelo potencial da região e os grandes resultados alcançados no projeto Tepir. Os professores se reuniram para selecionar dois jovens que combinassem competência técnica com compromisso de multiplicação dos saberes apreendidos no circo. Os nomes foram de Jorge Luiz da Silva Neto e Matheus dos Santos Rodrigues, o Masaro, ambos alunos de acrobacias e malabares”, contou o diretor do SER.
As atividades do circo-escola já renderam bons frutos. Morador do bairro Venda Velha, Masaro está no projeto desde sua fundação. “Pra mim foi uma experiência inesquecível. Gosto de fazer tudo sobre o circo e repassar o que aprendi”, disse Matheus Masaro. O jovem de 19 anos está aprendendo técnica do tecido. “Quando me formei em técnico em teatro pela Escola de Teatro Leonardo Alves achei que ainda faltava algo, e o circo veio completar isso. Hoje além de aluno dou workshop de teatro para outros alunos do projeto. Já viajei para outros estados fazendo workshop, mas nunca tinha ido para o exterior. Esta sendo emocionante”, completou Masaro.
Da Baixada para o mundo
A forma que os artistas circenses de apresentam e acolhem foi o que chamou a atenção de Jorge Luiz da Silva Neto, de 17 anos. O morador do bairro Jardim José Bonifácio que viu a oportunidade crescer no Circo Escola de Venda Velha. “Tentei outras profissões, mas me encontrei no circo. É um mundo novo de possibilidades, sem racismo ou preconceito. Quando entrei, em agosto de 2014, as técnicas que os artistas faziam pareciam impossíveis, e hoje faço algumas e quero aprender cada vez mais. É isso que me motiva. Nunca imaginei levar minha arte para fora do País. É uma experiência única e empolgante”, conclui Jorge.
Com capacidade para 300 pessoas, o Circo-Escola Benjamim de Oliveira está instalado no bairro Venda Velha desde abril do ano passado, e oferece aulas gratuitas para crianças e jovens da Baixada Fluminense. O projeto tem como base o circo-teatro idealizado e criado por Benjamin de Oliveira, trapezista, acrobata, compositor, cantor, ator, diretor, dramaturgo e primeiro palhaço negro do Brasil. No espaço, são oferecidos cursos gratuitos para crianças e jovens, além de ser equipamento cultural para apresentações de artistas da região.
Por: Gabriele Souza (gabriele.souza@jornalhoje.inf.br)