
Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Uma família de São João de Meriti está inconsolável com a morte de um menino de seis anos. Na manhã da última segunda-feira, Cristiano Fernandes Pereira foi levado pelos pais à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Nilópolis, com fortes dores abdominais e febre alta. No local, a criança foi atendida, medicada e liberada. No entanto, poucas horas após a alta, o menino voltou a sentir os sintomas e morreu antes mesmo que seus pais conseguissem novo atendimento médico. A família acredita que a morte tenha ocorrido em decorrência de negligência médica e registrou o caso na 39ª DP (Pavuna).
De acordo com a mãe da criança, Cristiane da Silva Fernandes, de 34 anos, ela chegou à UPA com o filho por volta das 9h de segunda-feira (16) e logo foram atendidos pelo médico Efren Alejandro Britos Tavares. Cristiano passou por exames de sangue e urina e foi medicado, ficando em observação até 1h da manhã de terça-feira, momento em que recebeu alta com suspeita de infecção urinária. “Quando o médico liberou meu filho, ainda perguntei a Cristiano se ele ainda sentia dores, ele disse que não, o médico nos receitou o remédio Espectroprima e fomos para casa, pensando que ele ficaria bem”, disse.
Porém, por volta das 9h de terça-feira (17) os sintomas voltaram ainda mais fortes e a criança gritou de dor até que perdesse os sentidos e desmaiasse. “O médico viu que a barriga dele estava dura. Uma enfermeira ainda falou para ele que podia ser apendicite, mas ele não deu ouvido e o liberou”, conta Cristiane. Desta vez, insatisfeita com o atendimento na unidade de Nilópolis, Cristiane levou seu filho para a UPA de Costa Barros. “Quando chegamos lá, logo nos informaram que ele havia morrido. Foi desesperador. Eu já chorei tanto que não tenho mais lágrimas para isso”, lembra a mãe, lamentando a perda de um dos seus oito filhos.
Ainda na UPA de Costa Barros, a família foi orientada por assistentes sociais a registrar uma ocorrência, o que foi feito de imediato pelo pai, Alexandre Pereira Almeida, de 42 anos. No mesmo dia ele compareceu à delegacia da Pavuna, que já deu início às investigações. Na sexta-feira (20), o pai do menino foi chamado para prestar depoimento na unidade policial. Na próxima terça (24) será a vez de Cristiane depor sobre o ocorrido.
Certidão de óbito comprova suspeita de enfermeira
A Prefeitura de Nilópolis, por meio da Secretaria de Saúde, confirmou que o menino foi atendido na unidade e informou que “todos os exames necessários foram realizados, detectando-se uma infecção urinária. Cristiano foi medicado e orientado a, caso voltasse a sentir os sintomas, retornar a UPA. Foram feitos exames laboratoriais e Raio-X de abdômen”, diz um trecho da nota. Ainda de acordo com a Secretaria de Saúde, a equipe médica que atendeu o menino constatou que não foi identificada a necessidade de internação naquela circunstância.
De acordo com a certidão de óbito, a causa da morte de Cristiano Fernandes foi uma apendicite. Apesar do documento, a Prefeitura de Nilópolis desmente a declaração da mãe, de que uma enfermeira teria comentado com o médico que o caso tratava-se de apendicite.
Verdadeiro ou não o relato de Cristiane, o fato é que a certidão de óbito da criança confirma que a morte foi mesmo causada por apendicite.
por Erick Bello