Dia Mundial da Água sem motivos para comemorar

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A dona de casa Vanessa Verusca, moradora do bairro Ambaí, não tem água para lavar a louça de casa
Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

A data de ontem, 22 de março, é marcada pelo Dia Mundial da Água. Mas na Baixada Fluminense boa parte da população não tem motivos para comemorar. Ainda hoje, muitos sofrem com a falta d’água e recorrem a diferentes formas de suprir esta necessidade básica.
Em Nova Iguaçu não é diferente. A equipe de reportagem do Jornal de Hoje circulou pelos bairros da cidade e conferiu os transtornos causados pelo abastecimento irregular da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos).
Sem água potável há quase uma década, moradores da Rua Waldomiro Noronha, no Ambaí revelam que funcionários da Cedae estiveram no bairro, para instalar hidrômetros. Por conta disso, a vizinhança se uniu e fez um abaixo assinado contra a medida tomada pela companhia. “Eles colocaram hidrômetros num lugar onde a água não chega há muitos anos. Isto é um absurdo”, critica a dona de casa Vanessa Verusca de Jesus, 28 anos.
Sem água da Cedae, os moradores se veem obrigados a recorrer aos poços artesianos. O jornalista Lucas Soares Mendes, 24 anos, conta que já gastou R$ 9 mil reais perfurando o solo de seu quintal, no bairro Parque Flora, em busca de água.
“A perfuração prejudica o solo, e os dois primeiros poços desbarrancaram, já estou no terceiro desde que vim morar aqui, em dezembro de 2014. Além disso, minha conta de luz sempre vem alta porque preciso usar a bomba para puxar a água”, revela o morador da Rua Jasmim.
Moradora da Rua da Passagem, no bairro Botafogo, a dona de casa Tassiana Carla dos Santos Dias, 31 anos, também tem poço artesiano em casa. Segundo ela, a qualidade da água é tão ruim que entope o chuveiro. “Uma vez por semana temos que abrir o chuveiro e desentupir, pois a sujeira da água fica presa nos furinhos”, diz Tassiana.

Gasto a mais para matar a sede

Representantes da sociedade civil, do poder público e da Cedae discutiram o abastecimento na cidade
Foto: Divulgação/PMNI

A água de poço artesiano é usada pelos moradores somente para a lavagem das roupas e limpeza das louças. Para cozinhar e beber é preciso recorrer aos galões de 20 litros. Este é o caso do motorista Uederdon Barreto, 46 anos. “Há quase dez anos tenho que comprar água mineral para beber. A do poço, que é dividida entre todos nós, mal dá para fazer a limpeza da casa”, explica o morador da Rua Waldomiro Noronha, no Ambaí.
Já Tassiana Carla, do bairro Botafogo, conta que os galões são comprados, pois a água do poço artesiano não fica limpa o suficiente nem mesmo com o uso de um filtro na torneira. “Gasto, por mês, cerca de R$ 50 comprando galões. Como usamos a bomba para puxar água do poço artesiano para a caixa pelo menos duas vezes ao dia a conta de luz também vem sempre alta”, afirma a dona de casa.
Já o jornalista Lucas Mendes revela que tem um gasto com galões d’água ainda maior. São aproximadamente R$ 80 mensais.

Prefeitura de Nova Iguaçu debate falta d’água

Os problemas no abastecimento de água em Nova Iguaçu foram tema do seminário “Água Iguassú”, evento promovido pela prefeitura, ontem, no auditório da UFFRJ, campus Nova Iguaçu. Durante o encontro, que reuniu representantes da sociedade civil, do poder público e da Cedae, o prefeito Rogerio Lisboa cobrou da companhia soluções urgentes para acabar com a falta de água no município.
“Temos a maior adutora do Estado em Nova Iguaçu e a população continua a sofrer com problemas constantes de abastecimento. Isto é inadmissível. A Cedae está desenvolvendo um projeto com investimento de quase R$ 3,4 bilhões para Baixada. Como gestor vou acreditar e cobrar até que todo este investimento resulte em água na torneira dos iguaçuanos”,afirmou o prefeito.
Segundo o diretor de engenharia da Cedae, Humberto Melo, as obras já começaram e estão divididas em duas etapas, incluindo a construção, reforma e ampliação de adutoras e reservatórios. Em Nova Iguaçu, as intervenções seguem no trecho que cortam o bairro de Austin. Até julho de 2018 todo município deverá ser contemplado.
“O Programa de Abastecimento na Baixada vai representar mais de 12 litros de água por segundo para a região metropolitana. Este é o maior investimento da Cedae nos últimos 10 anos na Baixada e será finalizado até julho de 2018”, garantiu.
Outro tema debatido foi o saneamento básico. No município, segundo dados da secretaria de Infraestrutura, apenas 15% do território recebe tratamento de esgoto. A meta é de que até 2022, sejam 75%.

Por Raphael Bittencourt (raphael.bittencourt@jornalhoje.inf.br)

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