
Foto: Ivan Teixeira
Escritores da Baixada Fluminense participaram na manhã de ontem de um café literário no Instituto Educacional Rangel Pestana (IERP), em Nova Iguaçu. O encontro entre os renomados autores com alunos do Instituto fez parte do encerramento da Primeira Gincana Literária do IERP, que aconteceu ao longo da semana e mobilizou 12 turmas.A Sala de Leitura do IERP é contemplada com o Projeto Jovens Leitores em Ação do Instituto Ayrton Senna, que tem o objetivo de contribuir para fortalecer a aprendizagem escolar. A iniciativa possui quatro pilares: ser, conviver, conhecer e fazer.
Foi nela que a aluna Vitória Carolina dos Santos, de 17 anos, propôs a realização da gincana. “Na minha igreja teve uma iniciativa parecida. A professora queria mobilizar a escola toda e eu sugeri uma adaptação, criando a gincana literária”, contou. Para a professora de língua portuguesa do Instituto Marcia Queiroz, a ação promoveu a integração da escola. “Nós desenvolvemos este trabalho durante um encontro do Jovens Leitores em Ação (JLA), a Vitória sugeriu e então começamos a buscar parceiros que abraçassem a ideia. Conseguimos envolver todos os profissionais da escola”, explicou a Márcia, que está há 23 anos no IERP. De acordo com a professora, a gincana fez com que os alunos tivessem contato com o livro e o autor. “Uma das tarefas era descobrir curiosidades dos autores”, contou Marcia.

Foto: Ivan Teixeira
Há 15 anos lecionando História na unidade escolar, Ulisses Mauro Lima, de 59 anos é escritor de contos, crônicas e textos históricos. Entre os títulos publicados estão: “Passagem de Nível”, “Luta Armada na Baixada Fluminense” e “Tragédias do destino”. Para o professor, o encontro com os estudantes é importante para gerar a integração escritor/leitor, que é difícil em escolas públicas. “O evento é um projeto que surgiu a partir dos alunos e da nossa necessidade de divulgar a cultura, principalmente a local, argumentou Ulisses.
Escritora e professora por vocação. Foi assim que Eva Derossi, 61 anos, se apresentou para a classe. “Essa é a profissão que vai tirar as pessoas da escuridão através do conhecimento. Vocês vão dar a oportunidade para o indivíduo se tornar um ser crítico e atuante”, garantiu. Para Eva Derossi, que escreve contos e crônicas, a difusão da leitura é fundamental para a aprendizagem. “O alunado precisa ler mais e buscar adquirir um senso crítico maior. Essa geração usa ainda muito o senso comum. Através do livro é possivel aperfeiçoar e enriquecer o vocabulário, o que é muito importante nos dias de hoje”, declarou a mestra, que se tornou escritora por acaso e ganhou o Prêmio Literário da Baixada em 2014.
Outra convidada do encontro foi Adriana Igrejas, de 45 anos, que é professora da rede estadual e autora de três livros.“Esse contato com o escritor é importante para mostrar a eles que somos pessoas comuns. Mostrar que eles podem ter essa liberdade de tirar duvida, e aproximar a literatura deles”, observou. Adriana escreve desde criança e em 2011 estreiou com o romance “A Fórmula da Vida”. Em 2014, lançou um livro de contos e este ano publicou o romance “A Babá Gótica”.
Segundo a professora, o contato com o escritor é uma vantagem da literatura nacional. “Com um escritor estrangeiro, dificilmente conseguimos conversar. Primeiro pela barreira da língua e segundo porque aquela pessoa está distante. O escritor brasileiro tem uma proximidade maior com o leitor, que precisa tirar proveito disso. Eu sempre falo para as pessoas que compram meus livros, me adiciona nas redes sociais e me conta o que achou. E hoje aqui a gente pode divulgar o nosso trabalho”, relatou Adriana Igrejas.
Autor de cinco livros, Luiz Otávio Oliani, é professor de língua portuguesa e já participou de quase 90 livros coletivos e publicações em jornais e revistas. Para ele, o evento apresentou para os alunos alguns talentos da região. “A grande mídia muitas vezes mostra a Baixada como um local violento onde não há cultura e não há arte. O simples fato do Instituto Rangel Pestana promover um evento como esse é importante para quebrar essa imagem errônea que as pessoas têm do local”, disse o escritor.
Por: Gabriele Souza (gabriele.souza@jornalhoje.inf.br)