Titular da DHBF afirmou que o tráfico de drogas é responsável pelos assassinatos de Fernando, Alexandre e Lucas

“No início, tínhamos diversas linhas de investigação. Conseguimos juntar provas mais concretas, após cinco meses, que apontassem em uma direção. Hoje, temos uma única linha de investigação: a responsabilidade do tráfico de drogas pelo crime. Já sabemos que essas crianças foram mortas dentro da comunidade e que os corpos foram levados para um rio”, declarou Alcântara.
Na transmissão, o delegado disse ainda que a polícia já está em busca de mais elementos sobre a ocultação dos cadáveres. O titular acrescentou que depoimentos de testemunhas gravados ajudaram a construir as provas.
“Não podemos entrar em mais detalhes, mas a investigação amadureceu bem. Ainda não temos todos os dados elucidados, mas o que temos é muito firme e consistente. Continuamos trabalhando para elucidar outros dados. Queremos constituir as provas de forma bem transparente. No momento oportuno vamos divulgar as provas.”
As vítimas teriam sido mortas após o furto de uma gaiola de passarinhos. O crime teria ocorrido depois que Fernando, Alexandre e Lucas saíram para uma feira do bairro Areia Branca. No local, porém, nada de violento ou que pudesse chamar a atenção das pessoas ocorreu. Os meninos foram assassinados no interior da comunidade, segundo o delegado, que explicou a demora de se chegar à autoria, devido ao medo dos moradores e à dificuldade de monitoramento policial na região.
“No início, foi muito (difícil) até traçar o perfil das crianças. Não sabíamos o que elas foram fazer na rua. Muitas informações contraditórias e desencontradas chegavam até nós. Naquela comunidade, temos dificuldade de realizar diligência ordinária, de enviar uma viatura, de chamar vizinhos para depor em uma comunidade. As pessoas sem nenhum envolvimento com o crime têm uma resistência muito grande em ir até a delegacia, como em qualquer comunidade do Rio de Janeiro”, explicou o titular.
A região onde o crime aconteceu vive uma disputa de território entre o tráfico de drogas e milícias. Duas das famílias das vítimas moram em um condomínio no alto da comunidade, no qual cada casa paga uma taxa para o tráfico de drogas. Em janeiro deste ano, um homem foi torturado pelo tráfico e levado à delegacia por usuários de drogas. No mesmo dia, a companheira dele e os enteados saíram com a roupa do corpo da comunidade. Segundo Alcântara, foi uma tentativa do tráfico apresentar uma autoria para o crime.
“A Baixada Fluminense tem um contexto diferente da capital, onde várias regiões são dominadas por milicianos, mas não necessariamente vinculados aos grupos maiores. Devido à fragilização desses grupos milicianos, estão ocorrendo conflitos com o tráfico de drogas para expansão territorial. Ambos os grupos criminosos aterrorizam os moradores, subjugando a população. Atuamos de maneira firme em relação aos dois grupos criminosos, que são responsáveis por homicídios e roubos de cargas e de veículos” finalizou o titular da DHBF.