Exército nega existência de guerra no Rio

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Militares do Exército patrulham favelas do Rio

Um mês após o início da atuação das Forças Armadas no Rio, o porta-voz da operação, coronel Roberto Itamar Cardoso Plump, diz que há um “estado de normalidade democrática e jurídica” no Rio de Janeiro e não uma guerra, termo usado por moradores que vivem em situações de risco para definir o clima de medo. O discurso de normalidade e paz contradiz um vídeo institucional divulgado pela Presidência da República para promover a atuação dos militares no Rio.

O filme tem um minuto e trata a cidade de forma desigual. Vinte e quatro segundos são gastos para mostrar uma cidade maravilhosa, exaltar as belezas de pontos turísticos e mostrar um balneário seguro e pacífico. As áreas mais pobres da cidade ocupam seis segundos da produção, com cenas de militares entrando em favelas com armas e tanques de guerra, reforçando o preconceito contra as comunidades carentes e sugerindo que a solução ali é o combate da guerra.

No vídeo, aparecem quatro pontos turísticos — Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Arcos da Lapa e orlas de Ipanema e Leblon — e em nenhum deles homens das Forças Armadas aparecem fazendo patrulhamento. Os militares estão, exclusivamente, dentro das comunidades — apesar de, na prática, atuarem apenas no entorno. O vídeo é uma peça publicitária que foi transmitida em aeroportos para ser assistida por turistas a caminho do Rio.

Para Itamar, a situação do Rio não se encaixa no que chama de “guerra militar” porque não há lados opostos se enfrentando, “com mortes indiscriminadas”.

“Numa guerra, dois lados inimigos se enfrentam com mortes indiscriminadas. Na guerra, existe a figura do inimigo. Aqui não há esse inimigo. Nem os criminosos são inimigos. São pessoas que estão fora da lei e que os órgãos de segurança têm dever constitucional de prender para que sejam julgados. As polícias Civil e Militar, quando vão cumprir mandados, vão cumprir a lei. Na guerra, aconteceria uma devastação”, diz Itamar.

 

Para Deise Carvalho, ativista e presidente da Associação de Moradores do Cantagalo, na Zona Sul, há sim uma guerra no Rio, mas “contra moradores pobres, de favelas”.

“Os tanques estão só nas favelas. Quem morre somos nós. Parece que as vidas na favela valem menos. Não tem dinheiro para levar saneamento básico para o morro, mas para fazer propaganda tem”, lamenta.

Nas três operações durante um mês de ação integrada, militares cercaram favelas com fuzis, a bordo de tanques blindados usados em guerras, e sem apreender um único fuzil de traficantes. O Exército admite que o armamento não é o mais adequado.

“Usamos armamento militar que, de fato, é usado em guerras. Não é o mais indicado. Mas é o equipamento disponível. Não há a necessidade de bombas e metralhadoras, usadas em guerras”, afirma Itamar.

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