Farol baixo à luz do dia divide opiniões dos motoristas

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Na rodovia Presidente Dutra, altura do Posto 13, em Nova Iguaçu, veículos foram flagrados sem o farol aceso Foto: Erick Bello/Jornal de Hoje
Na rodovia Presidente Dutra, altura do Posto 13, em Nova Iguaçu, veículos foram flagrados sem o farol aceso
Foto: Erick Bello/Jornal de Hoje

O uso obrigatório do farol baixo em estradas federais e túneis (mesmo iluminados) durante o dia tem causado dúvidas e insatisfações por parte dos motoristas. A determinação entrou em vigor na última sexta-feira (8), através da Lei nº 13;290/2016, sancionada no fim de maio pelo presidente interino Michel Temer. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), cerca de 15 mil motoristas foram autuados por descumprirem a norma em rodovias federais somente nos quatro primeiros dias de vigência da nova lei.
A equipe de reportagem do Jornal de Hoje percorreu as ruas de Nova Iguaçu e conversou com motoristas que costumeiramente utilizam a Rodovia Presidente Dutra, que liga as duas principais capitais do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo. O motorista da Viação Cidade do Aço, Charles Melo, de 37 anos, não gostou da nova lei, mas já se acostumou a andar com os faróis acesos, para não ser multado.
“Acho um pouco inútil o poder público se mobilizar para uma coisa dessas. Um dia claro e de sol a luz do farol nem aparece tanto, mas quando está nublado aí ajuda sim. Acredito que apenas cerca de 30% dos condutores estão ligando o farol baixo. Tenho pra mim que isso é para arrecadar dinheiro”, disse Charles, que já sai da Rodoviária de Nova Iguaçu rumo à Barra da Tijuca com o farol ligado, por medo de esquecer-se de acendê-lo ao entrar na Dutra.

Motorista de ônibus já sai com o coletivo de Nova Iguaçu com o farol ligado Foto: Erick Bello/Jornal de Hoje
Motorista de ônibus já sai com o coletivo de Nova Iguaçu com o farol ligado
Foto: Erick Bello/Jornal de Hoje

Em uma breve observação, a equipe do Jornal de Hoje pôde comprovar que o motorista da Cidade do Aço tem razão. Posiciona na curva de acesso do Viaduto da Barros Junior à Dutra, a reportagem precisou de poucos minutos para notar que a cada dez veículos que seguiam para a rodovia, menos da metade acendia o farol baixo. Um deles é profissional da construção civil Edinaldo Ramos. “É mais uma oportunidade para criar uma fábrica de multas. Eles têm que iluminar as estradas e rodovias escuras, que são perigosas na parte da noite. Não basta a luz do dia, ainda precisa disso?”, questionou o homem de 34 anos, afirmando que esta é uma lei sem lógica.
Já a analista de sistema Raquel Thomé, 32 anos, é a favor da lei, mas sugere adaptações por parte das montadoras. “Eu acho que deve ser obrigatório sim, mas os novos veículos deveriam vir com um dispositivo que acende o farol baixo automaticamente ao ligar o carro. Outra situação que tem que ser tão fiscalizada é a qualidade das estradas e rodovias, que precisam ter boa sinalização e manutenção”, disse.
A auxiliar de escritório Luísa Pedessani, 28 anos, também aprovou a sanção da lei. Ela diz que os veículos são mais facilmente identificados com o farol aceso. “Um exemplo disso é olhar para a Via Dutra quando estiver sobre um viaduto e perceber que dá para ver melhor os carros que trafegam pela via. Sei que tem coisas mais importantes a se fazer, mas quando trafegamos de carro e moto por aí, percebemos que a visibilidade também é muito importante”, ressaltou.
O motorista flagrado com as luzes apagadas comete infração média e recebe quatro pontos na carteira de habilitação, além de multa de R$ 85,13.

Lei é fundamentada em estatísticas de acidentes

O objetivo da legislação é aumentar a segurança nas estradas e contribuir para a redução de acidentes frontais. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), estudos mostram que a presença de luzes acesas reduz entre 5% e 10% o número de colisões entre veículos durante o dia.
O uso de faróis durante o dia permite que o veículo seja visualizado a uma distância de três quilômetros por quem trafega em sentido contrário, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal. A maioria das colisões frontais é causada pela não percepção do outro veículo por parte do motorista a tempo de reagir para evitar o acidente ou pelo julgamento errado da distância e velocidade do veículo que trafega na direção contrária em casos de ultrapassagem.
Segundo o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), “o sistema de iluminação é elemento integrante da segurança ativa dos veículos; as cores e as formas dos veículos modernos contribuem para mascará-los no meio ambiente, dificultando a sua visualização a uma distância efetivamente segura para qualquer ação preventiva, mesmo em condições de boa luminosidade”. Ou seja, a obrigatoriedade do farol baixo em estradas, mesmo que durante o dia, ajuda os motoristas a identificar outros veículos na via.

Faróis de LED são aceitos

O farol baixo não pode ser substituído por farol de milha, farol de neblina ou farolete. Já o uso de faróis de rodagem diurna (DRL – DaytimeRunning Light), ou faróis de LED, também é válido, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). O DRL é um filamento de luzes de LED presente em veículos mais modernos e acionado automaticamente quando o carro é ligado. Os motoristas de carros com esse dispositivo não precisam ligar o farol baixo.
Manter os faróis acesos em luz baixa durante o dia já era obrigatório para ônibus em faixas próprias e para motocicletas. Também é obrigatório para todos os veículos em túneis.
por Texto: Erick Bello

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