
Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Um milhão de reais. Esse foi o valor oferecido por Ipojucan Soares de Andrade, 55 anos, preso na tarde de quarta-feira por policiais do Batalhão de Polícia Rodoviária de Vias Especiais (BPRv), para que os agentes o deixassem escapar. O Coroa do Guandu, como é conhecido, comanda o tráfico de drogas na comunidade do Guandu, em Japeri, e é apontado como o maior fornecedor de drogas da Baixada Fluminense. Também conhecido como JJ, Ipojuan foi detido em Araruama, na Região dos Lagos, e é responsável pelos ataques a ônibus ocorridos em Japeri no início do ano. Na sexta-feira da semana passada, o traficante promoveu uma grande festa em um sítio em Engenheiro Pedreira para comemorar seu aniversário.
“Você é muito certinho.” Segundo um policial do BPRv, essas foram as palavras de JJ ao ouvir a recusa à propina de R$ 1 milhão oferecida por ele. Na semana passa o Disque-Denúncia havia oferecido recompensa de R$ 2 mil por informações que levassem a captura do “Rei da Baixada”. Logo após a festança de aniversário que teve churrasco e bebida liberados, além de shows musicais para os amigos do tráfico, Coroa do Guandu seguiu para a Região dos Lagos. O objetivo era comprar uma casa de praia em Búzios.
O traficante estava em um Fiat Linea Essence e trafegava pelo Km 74 da Rodovia Amaral Peixoto (RJ-106), na altura do Morro do Moreno, em Araruama, quando fez uma manobra brusca ao perceber a aproximação de uma viatura. Segundo o subtenente Lima Rezende, a polícia já sabia que ele frequentava a região. “Tínhamos a informação de que ele estava na região e passava pela rodovia com frequência. No mês passado quase o pegamos, mas ele conseguiu fugir. Ontem realizamos mais uma operação e conseguimos prendê-lo”, contou o subtenente.
Coroa já passou por 18 presídios
Segundo o site do Disque-Denúncia, Coroa do Guandu já foi preso por homicídios, incêndio, roubos de veículos, tráfico de drogas, ameaça, desacato, dano ao patrimônio, lesão corporal, vadiagem, receptação, falsificação, falsidade ideológica e associação ao tráfico de drogas. Da primeira prisão, em 1999, até 2012, ele passou por 18 presídios do estado, segundo a polícia. “Por ser um elemento de alta periculosidade, nós montamos um esquema forte de segurança, inclusive, com escolta da Polícia Militar aqui na delegacia para evitar uma tentativa de resgate”, disse Clovis Souza Moreira, delegado titular da 118ª DP (Araruama), onde foi cumprido o mandado de prisão.
De acordo com a Polícia, Coroa do Guandu é o principal fornecedor de drogas da Baixada Fluminense e chefia as bocas-de-fumo no bairro do Guandu, em Japeri, além de praticar homicídios e assaltos na região. No momento da prisão, ele usava uma carteira de motorista falsa, em nome de Antônio Railton de Oliveira, 53 anos.
Toque de recolher em Japeri

Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Após o anúncio da prisão de JJ, traficantes da Comunidade do Guandu decretaram toque de recolher às 14h de ontem, obrigando comerciantes a fecharem as portas. Segundo a funcionária de uma empresa que fica próxima a entrada da comunidade, a ordem veio por áudio no whatsapp. “Mandaram fechar tudo. Eles não querem ninguém nas ruas a partir das 14h”, informou ela. Algumas lojas e colégios acataram a determinação.
Em maio deste ano, JJ ordenou a queima de cinco ônibus em Japeri, após uma operação do 24º BPM (Queimados). Ele teria exigido de uma empresa de ônibus o pagamento de uma taxa para circular livremente pelo município. Criminosos presos durante os ataques confessaram que a ordem era “tocar o terror”. Segundo um morador da comunidade, o chefe do tráfico seria uma pessoa vingativa. “Ele é gente boa, só não pode pisar no calo dele”, contou ele.
Por: Gabriele Souza (Gabriele.souza@jornalhoje.inf.br)