Grávida perde bebê e acusa negligência em hospitais do Estado

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Fotos: Gabriele Souza
Fotos: Gabriele Souza

Um momento de felicidade para uma família de Belford Roxo deve virar caso de polícia. Em entrevista exclusiva para o Jornal de Hoje, a jovem Caroline Conceição de Jesus, de 19 anos, grávida de quatro meses e meio, acusou ontem dois hospitais do Estado por maus tratos e negligência médica, após perder o filho no último dia 4. A moça passou pelos Hospitais da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti e Albert Schweitzer, em Realengo, Zona Norte do Rio. Ela alega que ficou sem alimento e medicação e até agora não sabe se o filho nasceu vivo ou morto.
Segundo Caroline sua história inicia no dia primeiro de junho, quando deu entrada, no Hospital da Mulher Heloneida Studart perdendo líquido aminiótico. Segundo a moça, após receber o diagnóstico, mesmo sem ser examinada, de que o bebê estava morto, foi transferida para o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Na unidade, ficou numa enfermaria durante dois dias sentindo fortes dores e sem medicação.

Foto: Ivan Teixeira
Foto: Ivan Teixeira

O drama de Caroline, que estava grávida do primeiro filho, começou com o diagnóstico precoce sobre o estado de saúde do bebê. “Quando cheguei no Hospital da Mulher recebi a notícia que meu filho estava morto sem ao menos ser examinada. Depois a médica passou uma ultra e viu que meu bebê estava vivo”, contou. A jovem relatou que no período em que esteve na unidade hospitalar, em Meriti, passou fome e quando recebeu a refeição, veio com fios de cabelo. “Fiquei com fome e a comida veio com cabelo, reclamei e continuei com fome até chegar no Albert Schweitzer”, relatou a jovem.
Caroline Conceição relatou que no Hospital da Mulher, além da falta de alimentação, ficou sem medicação apesar das fortes dores que sentia. “No Hospital da Mulher fiquei só esperando ser transferida, mesmo sentindo muita dor não me medicaram”, declarou. A jovem conta também que só após muita reclamação seguiu para o hospital de Realengo. “Minha mãe teve que reclamar bastante para conseguir uma transferência. Quando cheguei no Albert Schweitzer fui atendida rápido, mas depois também me largaram sentindo dor sozinha”, relatou. Caroline teve que esconder o celular embaixo do travesseiro para se comunicar com a mãe. Apesar do quadro médico, por ser maior de idade, a jovem não poderia ficar no leito acompanhada.

“A lei de acompanhante deveria passar por mudanças. Eles deixaram minha filha largada”, disse Carla Lucia Costa da Conceição, de 42 anos, mãe de Caroline.
Pelo celular, Caroline informava o que acontecia no hospital para mãe. “Eu ligava falando sobre a enfermeira, que garantia que as dores eram normais e que eu estava bem. Mas minha pressão ia baixando, primeiro marcou nove, depois baixou para sete e chegou a quatro”, relatou Caroline. A jovem só recebeu ajuda de uma funcionária da limpeza do quarto. “Eu não tinha mais força para pedir ajuda, foi aí que uma faxineira chegou e chamou minha mãe para me ver dizendo que eu estava morrendo”, contou.

Versões diferentes sobre estado do feto

Foto: Ivan Teixeira
Foto: Ivan Teixeira

Caroline acredita que no Hospital Albert Schweitzer foi confundida com uma paciente que havia feito um aborto e entrou no mesmo dia que ela. “Eles falaram para a minha mãe que eu abortei. Me confundiram com a menina que estava do meu lado e me deixaram sofrendo de dor. A enfermeira disse que era tudo normal, que eu deveria sentir dor mesmo”, contou.
Na quarta-feira (3), por volta das 14h, Caroline Conceição afirma que teve o parto induzido. “Induziram o parto e deixaram minha filha sem médico”, disse a mãe da moça. Caroline garante que chegou a ver o filho e o mesmo estava “perfeito”, apesar de uma enfermeira informar a mãe da jovem que o bebê estava despedaçado. “Não sei dizer até agora se meu bebê nasceu vivo ou morto. A enfermeira me mostrou ele e o corpinho era perfeito. Mas para minha mãe, ela disse que a criança nasceu despedaçada”, contou a jovem.
Segundo Carla Lucia, ao tentar informações sobre o neto não obteve êxito. “Ninguém soube dizer sobre meu neto. Quem me garante que ele nasceu vivo ou morto? Não temos nem um registro de óbito”, questionou. O documento de alta de Caroline informa que foi aborto.
A avó da criança disse que vai responsabilizar o Estado pelo atendimento prestado a filha. “Vou responsabilizar o hospital por tudo o que fizeram. Eles demoraram a atender minha filha alegando que ela havia provocado um aborto. Quem realmente fez, recebeu um atendimento melhor e mais rápido”, disse Carla.
Caroline reside com a mãe em Belford Roxo.Ontem, as duas tentaram registrar o caso na Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), mas no local foram orientadas a fazer o registro na 33ª DP (Realengo), onde ocorreu o último atendimento médico. Questionada Pelo Jornal de Hoje sobre a ocorrência, a Secretaria Estadual de Saúde informou que irá apurar as informações, mas pela complexidade do relato e por envolver dois hospitais distintos irão responder hoje.
Por: Gabriele Souza

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