
Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Sem data prevista para terminar, a greve dos bancários entra hoje em seu quarto dia em todo o país. Desde seu início, na terça-feira (6), milhões de pessoas têm enfrentado dificuldades para pagar as contas. Quem não é adepto ao pagamento das dívidas via internet ou não tem acesso à tecnologia busca nas casas lotéricas a solução para o problema.
Em Nova Iguaçu não tem sido diferente. Basta circular pelas ruas onde há casas lotéricas para notar que o movimento aumentou consideravelmente desde o início da paralisação dos bancários. Este foi o caso da lotérica situada na Rua Doutor Barros Júnior, no Centro. Um homem aguardava a vez na fila e contou que a greve da categoria tem prejudicado justamente quem nada tem a ver com os problemas e dificuldades enfrentadas pelos bancários: a população. Além disso, ele conta que está tendo dificuldade até mesmo para sacar dinheiro no caixa eletrônico.
“Na quarta-feira (7), percorri três caixas eletrônicos no Centro de Nova Iguaçu, mas em nenhum deles consegui fazer saque. Acho que não estão mais sendo abastecidos”, lamentou o homem, que preferiu não se identificar.

Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
A pensionista Juçara das Neves Vieira Pierre, de 57 anos, tentou sacar o benefício em sua agência Itaú, na Rua Coronel Francisco Soares, também no Centro de Nova Iguaçu, mas desistiu após ver o tamanho da fila. “Um funcionário disse que o banco atenderia somente aposentados e pensionistas, mas a fila estava muito grande e o atendimento seria feito somente até as 11h, segundo ele. Então voltei para casa, pois era tanta gente que não daria tempo de eu ser atendida”, lamentou.
A paralisação dos bancários é por tempo indeterminado. Somente no primeiro dia de greve, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), tiveram as atividades paralisadas 7.359 agências, centros administrativos, centrais de atendimento (CABB) e serviços de atendimento ao cliente (SAC). De acordo com o Banco Central, o país tem 22.676 agências bancárias (dado de julho).
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não divulgou balanço de agências fechadas no primeiro dia de greve e afirmou apenas que a população tem à sua disposição uma série de canais alternativos para realizar transações financeiras.
O que pedem os grevistas
A categoria rejeitou a proposta da Fenaban de reajuste de 6,5% sobre os salários, a PLR e os auxílios refeição, alimentação, creche, e abono de R$ 3 mil. Os sindicatos alegam que a oferta ficou abaixo da inflação projetada em 9,57% para agosto deste ano e representa perdas de 2,8% para o bolso de cada bancário.
Os bancários querem reposição da inflação do período mais 5% de aumento real, valorização do piso salarial, no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$ 3.940,24 em junho), PLR de três salários mais R$ 8.317,90, além de outras reivindicações, como melhores condições de trabalho.
Segundo a Fenaban, a proposta representa um aumento, na remuneração, de 15% para os empregados com salário de R$ 2,7 mil, por exemplo. Para quem ganha R$ 4 mil, o aumento de remuneração seria de 12,3%; e, para salários de R$ 5 mil, equivaleria a 11,1%. O piso salarial para a função de caixa, com o reajuste, passaria a R$ 2.842,96, por jornada de 6 horas/dia.
“É importante ressaltar que as soluções encontradas na mesa de negociação variam conforme a conjuntura econômica e que a proposta apresentada neste ano responde a condições específicas pela qual passa a economia brasileira”, diz a entidade.
Segundo a Contraf, uma nova rodada de negociações com os bancos foi marcada para hoje, a partir das 11h, em São Paulo.
por Raphael Bittencourt (raphael.bittencourt@jornalhoje.inf.br)
Colaboração: Ivan Teixeira (ivan.teixeira@jornalhoje.inf.br)