
Foto: Wanderson Oliveira
A espera de toda uma vida está prestes a chegar ao fim para Nilva da Silva Batalha e Odair Roberto do Carmo. Aos 75 anos, a aposentada finalmente irá conseguir registrar Odair como seu filho. O porteiro, que tem 42 anos e mora em Japeri, não tem em sua certidão de nascimento e em nenhum outro documento o nome de sua progenitora. O primeiro passo para esta importante mudança foi dado nesta quinta-feira (31), quando mãe e filho foram juntos ao Ônibus da Justiça Itinerante, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, estacionado na Praça Olavo Bilac, em Engenheiro Pedreira.
Nilva estava separada do ex-marido quando ficou grávida de Odair. Por não ser divorciada oficialmente naquela época, ela foi impedida de registrá-lo como filho. Mais de 40 anos depois, o porteiro decidiu que estava na hora de receber o nome da mãe em seus documentos. “Esta mudança é muito importante. Certa vez fui à farmácia comprar um medicamento e a farmacêutica me pediu a carteira e identidade. Quando lhe dei, ela pensou que fosse falsa, pelo fato de não constar o nome da mãe, e não queria vender o remédio. Me senti muito constrangido e só pude efetuar a compra depois que o gerente foi chamado”, conta Odair.
No Ônibus da Justiça Itinerante, mãe e filho receberam um ofício assinado pelo defensor público que dá isenção para o reconhecimento da maternidade. O próximo passo de Nilva e Odair será procurar o cartório para que o registro seja oficializado.
Outro exemplo de bom atendimento e resolução de pendências foi testemunhado pelo casal Diego Rezende e Carla Prado, ambos de 26 anos. Há três anos um curto-circuito em uma extensão causou um incêndio que atingiu parte da casa deles, destruindo móveis e até documentos. Eles saíram do Ônibus da Justiça Itinerante tendo em mãos um ofício de isenção para certidão de nascimento. Com isso, basta ir ao cartório para que deem entrada na segunda via. O casal também aproveitou a oportunidade para agendar a data da oficialização do casamento.
“Conseguimos marcar para o nosso grande dia para 1º de setembro. Sabemos que a procura por este serviço está muito grande e não custa dada esperar mais um pouco. Já estamos juntos há dez anos e agora resolvemos oficializar a nossa união”, disse Carla.
Quem já conseguiu casar foi a porteira Cidinéa da Silva Moraes Marques, 37 anos, e a vigilante Ana Cláudia Santos Marques Moraes, 38. Elas moram juntas há quase seis anos, no bairro Jardim Delamare, e decidiram tornar oficial a união.
“Queremos ter os mesmos direitos que qualquer casal tem. Não somos diferentes de ninguém. Viemos reservar a data de hoje em meados de fevereiro e esperamos um mês e meio até a chegada deste dia. Foi um período de muita ansiedade, mas finalmente realizamos nosso sonho”, comemorou Cidinéa, que já mora com Ana Cláudia e os filhos Denis, 15 anos, Deusa, 9, e Estefani, 21, que testemunharam o enlace.
Ônibus da Justiça estaciona em Japeri toda quinta

Foto: Wanderson Oliveira
Com o slogan “A Justiça indo até você”, o Ônibus da Justiça Itinerante tem como finalidade aproximar os juízes e o Tribunal de Justiça dos cidadãos de Japeri. O objetivo da ação, que acontece em parceria com a Prefeitura de Japeri, é dar a oportunidade de a população resolver pendências como tirar ou corrigir certidões de nascimento, casamento e óbito, converter união estável e casamento e até mesmo oficializar o divórcio. A Justiça Itinerante também realiza retificações de registros civis, reconhecimento de paternidade e maternidade, registro de nascimento fora do prazo, registro de nascimento tardio, pedido de guarda ou tutela de criança ou adolescente, entre outros. A ação acontece todas as quintas-feiras, na Praça Olavo Bilac, em Engenheiro Pedreira, sempre das 9h às 13h.