
Um novo ato de intolerância religiosa foi registrado na Baixada Fluminense. Desta vez a ação aconteceu no final da tarde da última terça-feira (26), na Catedral de Santo Antônio, no centro de Duque de Caxias. Um jovem de 13 anos, que estava acompanhado de sua mãe, quebrou duas imagens que estavam no altar da igreja: Nossa Senhora da Conceição e Sagrado Coração de Jesus.
De acordo com testemunhas, o menino, que seria frequentador da igreja Universal do Reino de Deus, derrubou propositalmente as imagens por volta das 18 horas, após interpelar uma mulher que rezava. Antes da depredação, o garoto disse a fiéis que a Bíblia repudiava a adoração a imagens.
A mãe do menino, também evangélica, costumava frequentar o bazar da catedral e já estaria indo embora da igreja quando o adolescente derrubou as imagens. Depois do ato de intolerância, conforme relato de pessoas que viram o comportamento do menino, a mãe, o pai e um irmão do menor, entraram na igreja e repudiaram a atitude do jovem e disseram que ele não tinha problemas psicológicos.
Cada santo tinha um metro e meio de altura e estava no altar da catedral há mais de 30 anos. Para o padre Renato Gentile, responsável pela igreja, os danos nas imagens são irreparáveis. “Queremos comprar duas imagens iguais, mas não sei o tempo para isso, pois só se fazem imagens com um metro e meio de altura agora sob encomenda. Mas o prejuízo sentimental é muito maior”, disse o padre.
Gentile relatou que pediu para o menino não ficar preso. “Em 16 anos nesta igreja, nunca vi algo assim. Esperamos isso de um adulto, não de um adolescente. Mas ele é uma criança que absorveu mensagens erradas e deve ser educado de forma certa, a respeitar outras igrejas. Queremos o bem dele”, afirmou.
O jovem foi levado para a 62ªDelegacia de Polícia, em Imbariê, Duque de Caxias, onde o caso está registrado e liberado após prestar depoimento. Ele responderá por crime ao dano do patrimônio motivado por intolerância religiosa.
Caso Kailane
No subúrbio do Rio, a menina Kailane Campos, de 11 anos, foi vítima de intolerância religiosa no dia 14 de junho de 2015. Ela foi agredida apedrejada. Segundo a avó da menina Káthia Marinho, que é mãe de santo, todos estavam vestidos de branco, porque tinham acabado de sair de um culto. Eles caminhavam para casa, na Vila da Penha, quando dois homens começaram a insultar o grupo. Um deles jogou uma pedra, que bateu num poste e depois atingiu a menina.
“O que chamou a atenção foi que eles começaram a levantar a Bíblia e a chamar todo mundo de ‘diabo’, ‘vai para o inferno’, ‘Jesus está voltando’”, afirmou Káthia Marinho na época. Na delegacia, o caso foi registrado como preconceito de raça, cor, etnia ou religião e também como lesão corporal, provocada por pedrada.