Manifestação pede fim de violência em Mesquita

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Mais de 100 pessoas, entre amigos e familiares da vítima, fecharam a Estrada Feliciano Sodré Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Mais de 100 pessoas, entre amigos e familiares da vítima, fecharam a Estrada Feliciano Sodré
Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

Com gritos de ordem e faixas, moradores de Mesquita protestaram pelo fim da violência na Baixada Fluminense. O ato foi convocado por amigos de Otávio Andrade, de 19 anos, que foi assassinado na noite do último sábado (28), após ser baleado durante um assalto, em frente à estação ferroviária de Juscelino. Segundo testemunhas, os criminosos roubaram de Otávio um celular, no qual a capa tinha o símbolo do Bope (Batalhão de Operação Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro), corporação a qual o jovem sonhava em fazer parte. Cerca de 150 pessoas participaram da manifestação.

O protesto começou com a frase constante de “queremos paz”, que logo depois se alternou com o pedido de “paz, justiça por Otávio e por Mesquita”. Inicialmente a Estrada Feliciano Sodré, no local exato do crime, ficou fechada para o tráfego de veículos, porém, depois os manifestantes seguiram até o Paço Municipal, em frente à Prefeitura de Mesquita, onde permaneceram por mais alguns minutos.

A manifestação foi convocada e organizada através das redes sociais pelo estudante José Luiz de Freitas, 19, amigo de Otávio, que no momento do ato questionou a presença de duas viaturas da Polícia Militar e outras quatro da Guarda Municipal de Mesquita. “Agora que estamos fazendo um ato pacífico a polícia aparece. Onde eles estão na hora em que precisamos? Quantos ‘Otávios’ precisam morrer ainda para esse problema acabar?”. Um efetivo de 15 homens da Guarda Municipal e da secretaria de Transportes e Trânsito da cidade, acompanhou o grupo até o encerramento do ato.

Familiares relatam a dor

A mãe Adriana, o pai Tadeu e o padrasto Robson lamentam o ocorrido e pedem justiça Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
A mãe Adriana, o pai Tadeu e o padrasto Robson lamentam o ocorrido e pedem justiça
Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

A mãe de Otávio, Adriana Abreu, de 42 anos, falou à equipe de reportagem do Jornal de Hoje. “A nossa dor não vai mudar com essa manifestação, mas nós queremos chamar a atenção para este problema recorrente, a fim de que nenhuma outra mãe passe pelo o que estamos passando. Mãe nenhuma merece sentir o que estou sentindo. Casos de violência parecidos com este acontecem todos os dias e infelizmente aconteceu com meu filho. A segurança deveria ser prioridade das autoridades, não só em Mesquita, mas também na Baixada e no Estado. Está tudo abandonado”, desabafou a professora.

O pai da vítima, Tadeu de Andrade, 41, está revoltado com a barbárie que fizeram com seu filho. “Só terá jeito na segurança quando a vítima for alguém de grande influência. Aí sim as autoridades vão enxergar que a bandidagem faz o que quer no Estado. Pois enquanto as vítimas formos nós, a simples sociedade, nada será feito. Milhões de reais estão sendo investidos nas Olimpíadas, mas não há dinheiro para garantir o básico para a população. Estamos largados”, disse o bombeiro militar.

Durante os desabafos, sobravam elogios para o jovem que foi morto brutalmente. O padrasto Robson da Silva, 39, falou um pouco sobre Otávio. “Ele sempre foi um menino tranquilo e trabalhador. Ele trabalha comigo e no dia do ocorrido ficou na loja até às 14h, depois foi se preparar para a festinha. É mais um garoto cheio de sonhos, que teve a vida interrompida. Nós estamos vivendo num mundo banalizado, não existe mais compaixão pela vida do outro. Infelizmente essa é uma juventude falida”.

Conselho de Segurança

Banner do último aniversário de Otávio, que sonhava em ser policial do BOPE
Banner do último aniversário de Otávio, que sonhava em ser policial do BOPE

O presidente do Conselho de Segurança de Mesquita, Lito Almeida, compareceu à manifestação e convocou os moradores de Mesquita às reuniões, que acontecem todas as últimas quintas-feiras do mês, no auditório da Prefeitura Municipal. Além disso, nas segundas terças-feiras do mês é realizado o Café comunitário no 20º BPM (Mesquita), que abre as portas à comunidade para debates e buscar possíveis soluções para a segurança pública. Durante uma entrevista para uma emissora de televisão, Lito foi hostilizado, após dar uma declaração e teve que se retirar do local com a ajuda da Guarda Municipal.

Prefeito recebe manifestantes

Em nota, a Prefeitura de Mesquita informou que o prefeito Gelsinho Guerreiro recebeu os pais e amigos do jovem morto. O grupo recebeu a garantia de que o executivo municipal seguirá buscando reforços na segurança da cidade junto ao Governo do Estado. O prefeito acompanhará o grupo amanhã, às 11h, para uma reunião com a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), quando será pedido rigor nas investigações.

Outra medida anunciada foi o Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis), que permite que policiais atuem durante seu período de folga, com salários adicionais pagos pelo município. “Nós teremos 60 policiais a mais nas ruas de Mesquita atuando em três turnos, com 20 homens e num efetivo de dez viaturas, que foram reformadas pela prefeitura e entregues à corporação”, disse Gelsinho, ressaltando que o programa está em andamento e deve entrar em vigor no prazo máximo de 30 dias.

A Prefeitura disse ainda que lamenta profundamente a morte do jovem e que apoia a manifestação dos munícipes por mais segurança. “Reforçamos nosso compromisso de lutar diariamente por mais segurança para os moradores do nosso município”, destaca um dos trechos da nota.

Por: Erick Bello
Erick.bello@jornalhoje.inf.br

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