Médicos retiram órgão de menino baleado em Meriti

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Equipe do programa de transplantes transporta os órgãos Foto: divulgação

“A ficha da nossa família ainda não caiu. Perdemos a nossa preciosidade para essa violência desenfreada.” O desabafo emocionado é de Fernando Mateus, de 24 anos, tio do pequeno Vítor Gabriel Leite, de 3 anos, que teve a morte cerebral confirmada na tarde de desta quinta-feira pela equipe médica do Hospital Geral de Nova Iguaçu (Posse). Por volta das 13h, a equipe do Programa estadual de Transplantes (PET) concluiu a retirada dos órgãos do menino.

“Neste momento, nossa família espera poder ajudar outros pacientes com os órgãos do meu sobrinho. Os pais estão muito abalados, como não poderia ser diferente. A gente não consegue acreditar em tudo isso que está acontecendo. Não temos segurança nem dentro da nossa casa”, disse Fernando.

O pai de Vítor Gabriel, o pedreiro Anderson Neves de Oliveira, de 56 anos, acompanhava a conclusão da captação dos órgãos do filho para poder dar prosseguimento aos trâmites do sepultamento do menino:

“Estou sentindo uma dor imensa. Estou sem dormir vendo a questão da documentação, enquanto a mãe acompanha os procedimentos dentro do hospital.

De acordo com informações do Hospital de Nova Iguaçu, apenas os rins do garoto foram captados para doações. Segundo a assessoria da unidade, a equipe do Programa Estadual de Transplantes faz a coleta, apenas dos órgãos que alguma criança esteja precisando.

O diretor-geral do Hospital de Nova Iguaçu, Joé Sestello, disse que o número de atendimento a vítimas de armas disparou este ano chegando a 580.

“Esse número tem crescido ano a ano. Em 2013, eram 172 casos. Depois, passou para 347 no ano seguinte. Agora, sem completar o ano de 2017 já temos quase 600 casos. E o que mais me assusta é que o tipo de arma também mudou. Temos atendido um grade número de vítimas de tiros de fuzil”, disse o diretor.

A mãe do menino, Adriana Maria Leite Matheus, de 28 anos, contou que, na noite de segunda-feira, o menino brincava na sala diante da televisão ligada com outros irmãos — dois gêmeos de 7 anos e um bebê de um ano e cinco meses — enquanto ela estava em outro cômodo cuidando dos afazeres domésticos. A mãe disse que ouviu um estrondo, foi ver o que era. Em princípio pensou que o menino, muito levado, tinha caído, e o encontrou ferido.

Somente ao chegar no hospital, a mãe descobriu que o filho tinha uma bala alojada na cabeça. Incrédula, disse que pediu para voltar em casa para ver o furo no telhado e só assim acreditou que seu filho tinha sido mais uma vítima da violência. O pai lamentou que com tanto espaço na residência o projétil fosse atingir justamente um dos seus filhos.

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