Megaoperação desvenda assassinatos de políticos na Baixada Fluminense

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O promotor Fabio Correia, o chefe das Divisões de Homicídio Rivaldo Barbosa e o delegado da DHBF Giniton Lages Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
O promotor Fabio Correia, o chefe das Divisões de Homicídio Rivaldo Barbosa e o delegado da DHBF Giniton Lages
Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

Duas semanas após o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes encaminhar ofício ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, solicitando que a Polícia Civil investigue os crimes contra pré-candidatos às eleições municipais na Baixada Fluminense, a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deram as primeiras respostas sobre os casos. Na manhã de ontem, foi deflagrada uma megaoperação que teve como objetivo apreender armas e objetos usados nas execuções de candidatos e pessoas envolvidas em campanhas eleitorais, na região.
Para isto, foram expedidos 12 mandados de busca e apreensão em casas e galpões usados por suspeitos de participação nos crimes em municípios da Baixada, além de 12 pedidos de prisão temporária. Ao contrário do que se imaginava apenas um dos 13 assassinatos ocorridos nos últimos 10 meses tem motivação política. Dois candidatos e um homem ligado à campanhas eleitorais foram mortos devido à disputa entre milicianos que atuam no furto de combustível da Petrobras e integrantes da “máfia do óleo’, em Duque de Caxias.

Foram apreendidas armas, munições e camisa semelhante à usada pela Polícia Civil Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Foram apreendidas armas, munições e camisa semelhante à usada pela Polícia Civil
Fotos: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje

“A gente veio aqui para trazer a verdade. Essa é uma das operações que vão se suceder para mostrar a motivação dessas mortes. Ficou confirmado que as três mortes ocorridas em Caxias não têm ligação com a filiação político-partidária”, disse chefe das Divisões de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Rivaldo Barbosa.
Outros quatro crimes, segundo os investigadores, são de autoria de traficantes, porque as vítimas, líderes comunitários, não permitiam bocas de fumo nos bairros onde viviam. Nas contas do titular da DHBF, Giniton Lages, apenas um homicídio teria como única razão a rivalidade política, no caso, o crime contra o vereador Oswaldo da Costa Silva (PDT), morto em 18 de agosto. Outros dois teriam cunho passional.

Entenda os casos de Caxias

As mortes aconteceram entre novembro de 2015 e agosto de 2016. Durante as investigações foi descoberta uma quadrilha que roubava combustível e derivados de petróleo há pelo menos seis meses, usando uma máquina com capacidade para retirar até 20 mil litros por hora e podia ser vendido por até R$ 0,40 o litro. O furto de óleo era realizado em dutos da Petrobras.
Uma das vítimas foi o pré-candidato Sérgio da Conceição de Almeida Júnior, o Berém do Pilar, executado no dia de 2 de julho na porta de casa, no bairro do Pilar. Ele entrou no mesmo ramo de negócios da organização criminosa: furto de combustível da Reduc. Quatro dias depois foi a vez de Denivaldo da Silva, que segundo a DHBF seria sócio do pré-candidato a vereador no novo empreendimento, ser assassinado.
Denivaldo foi morto por homens que usavam camisas da Polícia Civil – uma peça semelhante foi localizada na casa de um dos suspeitos, em Belford Roxo – o homem conseguiu fugir. As investigações apontam que ambos foram mortos baleados com a mesma pistola.
A outra morte relacionada às execuções de Berém do Pilar e Denivaldo é a do pré-candidato a vereador Leandro da Silva Lopes, o Leandrinho de Xerém. Segundo a polícia, ele morava no mesmo distrito de Berém do Pilar e tinha fama de andar com paralimitares ligados à Denivaldo, que se apresentavam como “justiceiros”.
Dada a brutalidade das execuções, a polícia acredita que os criminosos tinham como objetivo intimidar outras pessoas que pretendessem entrar na disputa de negócios ilícitos da máfia dos combustíveis.
“Esses casos são os mais simbólicos e os mais violentos. As investigações mostram que as vítimas retiravam óleo e combustível de dutos da Petrobras na região, com lucro muito alto”, disse o delegado Giniton Lages, responsável pela Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), acrescentando que as mortes ocorreram por divergências dentro deste grupo paramilitar.

Desvio e apreensões

Policiais apreenderam fuzis, revólveres, munições e uma camisa igual às usadas pela Polícia Civil na operação de ontem. “Nosso foco era a busca e apreensão de armas, confirmar a atividade de milícia e o furto de combustível”, afirmou o titular da DHBF.
Os policiais chegaram aos pontos de onde o óleo era desviado. Um deles ficava no bairro Parque Capivari, a 15 quilômetros da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc). Imagens feitas pelos agentes mostram que mangueiras de borracha eram ligadas diretamente aos dutos, que ficam no meio do mato, em locais de difícil acesso.
“A Reduc tem uma malha de dutos espalhadas por Duque de Caxias. A partir disso, se identifica por onde ela está passando, aluga-se essa propriedade, de preferência rural, se fecha ali para controlar o fluxo de pessoas para evitar a fiscalização e faz-se uma fissura no duto. Aí se passa a extrair com a mangueira esse combustível, para ir para caminhões”, afirmou Giniton Lages. “O que nós achamos em Caxias é efetivamente a mangueira, que é passada diretamente para o caminhão”, concluiu.
O promotor Fabio Correia, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, acompanhou a operação. “O que está acontecendo são fatores além da política, e no momento oportuno será oferecida a denúncia”, disse o promotor.
Ainda de acordo com a polícia, os milicianos também atuavam praticando roubos e furtos de cargas na rodovia Washington Luiz, que corta Duque de Caxias. Parte de uma carga que havia sido roubada pelo grupo foi recuperada na operação.

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