
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, determinou a intensificação na segurança dos presídios federais para reduzir ao máximo os riscos de troca de mensagens entre presos e cúmplices que estão soltos. A ideia é impedir que líderes tentem, de dentro dos presídios, comandar algum tipo de reação contra a intervenção das tropas federais no Rio de Janeiro. Segundo um auxiliar do ministro, a ordem de ampliar o monitoramento dos presídios do governo federal já está em vigor desde o anúncio da intervenção, na semana passada. No último fim de semana, o ministro havia declarado que, por conta da intervenção, eram esperadas reações no presídios e que o sistema federal entraria em alerta.
O plano é não deixar que nenhuma mensagem de conteúdo criminoso chegue ou saia dos presídios, sobretudo neste momento de esforço concentrado contra o crime organizado no Rio. Ainda estão vivas na memórias de auxiliares de Torquato as imagens de uma troca de bilhete entre o traficante Fernandinho Beira-Mar e um cúmplice no presídio federal de Rondônia, ano passado. A partir da conversa por bilhetes transmitidos por baixo das portas das celas, os criminosos teriam tramado a morte de uma agente penitenciário.
O país abriga hoje 562 presos em quatro presídios federais, que são de segurança máxima. Alguns dos mais conhecidos desses presos estão ligados a facções criminosas do Rio. A simples redução dos riscos de comunicação destes presos com os grupos que ainda estão em liberdade seria, para o governo, uma forma de melhorar a segurança da população local. O governo federal administra cinco presídios, cada um com 208 vagas. O presídio de Brasília, o último a ser construído, ainda não foi inaugurado.
Nesta quarta-feira, Torquato Jardim viaja para Pernambuco para, com o governo local, a transferência de um presídio de Itaquitinga para o governo federal. O presídio, que vinha sendo construído numa parceria entre o governo estadual e uma empresa privada, ficará sob a responsabilidade do governo federal. Segundo o Ministério da Justiça, as obras estão pela metade. Caberá ao ministério providenciar a conclusão das obras. Três dos cinco pavilhões do presídio terão vagas para 1.950 presos. O ministério não informou qual o custo da operação para os cofres federais.
No último domingo, detentos do presídio Milton Dias Moreira, em Japeri, fizeram 18 reféns (sendo oito agentes penitenciários e dez internos) durante rebelião. Após horas de negocião, todos foram liberados, e a polícia apreendeu duas pistolas, um revólver, uma granada, além de uma lanterna. Os agentes do Grupo de Intervenção Tática (GIT) fizeram revista nas celas e o conferiu dos presos. A represália começou na tarde de domingo, depois de uma tentativa frustrada de fuga de detentos armados. Equipes dos batalhões de Choque e de Operações Especiais (Bope) foram enviadas para a unidade, que abriga 2.051 internos.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra detentos, muitos deles cobrindo os rostos com camisas brancas, durante a rebelião dentro do presídio.
Durante a represália, três presos ficaram feridos numa troca de tiros com policiais.
A crise no sistema carcerário representa o primeiro grande desafio da intervenção federal no Rio, que, decretada na sexta-feira, é conduzida pelo general Walter Braga Netto, responsável pelo Comando Militar do Leste.