
Foto: Davi Boechat/Jornal de Hoje
Os frequentes roubos no bairro Jardim Iguaçu, em Nova Iguaçu, provocaram uma reação inédita entre os moradores. Em resposta ao aumento da criminalidade na área foi criado o ‘Grupo Contra Assaltos e Pela Segurança’, que com muita criatividade montou uma cartilha com orientações preventivas e diversas faixas em tom de humor sarcástico referentes aos crimes.
Comerciantes da área, ouvidos pela equipe de reportagem do Jornal de Hoje, disseram que não estão sendo diretamente afetados, apesar de uma movimentada padaria da localidade já ter sido assaltada três vezes, somente nesse ano. Segundo eles, os mais prejudicados são os pedestres que, encurralados pelos criminosos armados, perdem carteiras, dinheiro, joias e celulares.
O ‘Grupo Contra Assaltos e Pela Segurança’ é formado por moradores do bairro e surgiu recentemente, como reação popular ao crescimento da modalidade criminosa na região. As ações do grupo fomentam atitudes com a finalidade de preservar a segurança dos moradores e divulgar o problema, que mudou os hábitos das pessoas que residem no bairro. Foi criada e distribuída nas residências uma cartilha com sugestões para serem praticadas pelos moradores. Dividido em sete tópicos, o documento sugere atitudes como, por exemplo,”ao entrar em nossas ruas baixe os vidros, e se for motociclista tire o capacete para ser visto”, “procure conhecer a rotina do seu vizinho”, “se tiver condições instale câmeras de segurança” e “caso seja vítima de um assalto, furto ou tentativa dos mesmos, registre a ocorrência”.
Para chamar a atenção, faixas com mensagens tragicômicas,estendidas em diversas ruas do bairro, alertam aqueles que não conhecem o problema e visitam o local, sobre o que está acontecendo na região. “Bem vindos ao bairro, mas por precaução mantenham as mãos ao alto”, diz uma delas, colocada na esquina entre as Ruas Professor Heleno Fragoso e Paula Buschle. Outra, na Rua Marupiaba, diz: “O nome do nosso bairro vai mudar. Será mãos ao alto!”.
Roubos não registrados atrapalham no policiamento

Foto: Hulle Brasil/Reprodução
O vice-presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Nova Iguaçu, Jayme Soares, lembra que apesar do aumento na incidência de crimes estar sendo sentida pelos moradores, a falta do registro deles faz com que os fatos fiquem ocultos. “Muitas vítimas de assalto optam por não fazer o boletim de ocorrência do crime que sofreram. Isso é péssimo, pois a polícia usa dados estatísticos para identificar localidades carentes de patrulhamentos. E agora, que o 20º Batalhão – responsável por Nova Iguaçu, Nilópolis e Mesquita – perdeu 52 das 106 viaturas da frota, a situação tende a piorar”, comentou Soares. A proximidade do bairro com a Rodovia Presidente Dutra, de acordo com o conselheiro, colabora para o aumento no número de crimes. “Após um assalto, a fuga precisa ser rápida. Como o bairro tem saídas para a Dutra, fica muito fácil sair de lá sem dificuldades de ser pego. Essa característica coloca os moradores em desvantagem”, comentou. Ainda de acordo com Soares, a demanda que a cidade exige está longe de ser cumprida com o que está disponível à ela. “O ladrão só é pego em Nova Iguaçu caso esteja em um dia de muito azar. Em diversas UPPs há mais agentes que no nosso Batalhão, que deve dar conta de três municípios. Será que a nossa vida vale menos que a de um cidadão da Zonal Sul?”, finalizou.
Por: Davi Boechat (davi.boechat@jornalhoje.inf.br)