
Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Em tempo de crise financeira no país, pagar a conta de energia elétrica é quase um ato de dignidade. Porém, conseguir essa dignidade está mais difícil que os moradores da Rua Marlúcia Rodrigues Alechandre, no loteamento localizado atrás do depósito das Lojas Americanas, conhecido como Eurico Miranda, em Austin, Nova Iguaçu, imaginavam. O problema é que há mais de 10 anos os moradores tentam regularizar o fornecimento de energia elétrica junto à concessionária responsável por este serviço, mas, segundo eles, a Light se nega a fazer a instalação.
Os residentes do loteamento afirmam que a Light alega que falta de fornecimento de eletricidade é devido a um problema burocrático da concessionária com a imobiliária Jodif, detentora dos lotes que foram vendidos a eles. A consequência dessa briga de gente de ‘cacife grande’, como dizem os prejudicados, ter que viver, em pleno ano de 2016, em uma casa sem energia elétrica regular.
Os moradores dizem que eletricidade que chega às casas da Rua Marlúcia Rodrigues Alechandre e de outras cinco ruas vem da Rua Cristina Miranda, através de gambiarras que possuem mais de 100 metros de extensão. Os postos que existem lá, segundo moradores, foram colocados em vão, uma vez que não há cabos para conduzir às suas residências a energia elétrica tão desejada.
Marllene dos Santos, de 22 anos, diz que a Light quer cobrar os fios e os postes dos contribuintes. “Nós queremos legalizar, mas não conseguimos. Eles estão abusando. Como se não bastasse não fornecer energia, ainda querem empurrar os gastos pra cima da gente!”, disse.
O pedreiro Antônio Jorge da Hora, 50, não vê a hora de regularizar essa situação. ”A luz está sendo puxada de uma rua lá de cima e passa por cima da casa dos outros. Está um empurra-empurra sem fim entre a Light e a Jodif. A gente tenta melhorar de vida, mas não encontra um para ajudar.”, lamentou.
A falta de energia elétrica é apenas um dos problemas das ruas situadas ao redor do loteamento. A dona de casa Charmene Lima, de 33 anos, relata que sua rua sequer possui CEP. “A gente não pode receber uma encomenda, pois nem CEP nós temos. Precisamos colocar o endereço de algum conhecido da Rua Humberto Miranda, que é próximo daqui. A verdade é que vivemos num lugar desconhecido pelo poder público. Parece que estamos aqui clandestinamente”, desabafou a mulher.
Light constata o óbvio e prefeitura sugere solicitação por escrito
A Light foi procurada para prestar esclarecimentos sobre a denúncia e informou que uma equipe esteve no local e verificou que, de fato, não há rede de energia da distribuidora em algumas ruas. A empresa irá apurar se há algum pedido de expansão de rede e/ou de ligação nova em andamento para esta localidade. A imobiliária Jodif também foi procurada, mas até o fechamento desta edição ainda não havia se pronunciado.
Já a Prefeitura de Nova Iguaçu disse que encaminhou um projeto de obras para a região ao Governo do Estado. “A obra foi licitada, mas sua execução, em parceria com a prefeitura, ainda não foi autorizada.” Sobre o problema de fornecimento de energia junto a Light, a prefeitura sugere que “os moradores façam uma solicitação, por escrito, relatando toda situação e encaminhá-la ao Departamento de Urbanismo, na sede da prefeitura, Rua Ataíde Pimenta de Moraes, 528, de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 16h.”
Por: Erick Bello