Motoristas pagam IPVA e recebem estradas esburacadas

Mais de 150 carros foram flagrados com algum tipo de irregularidade circulando pelas ruas de Nova Iguaçu durante a Operação Pavio Curto, realizada entre os dias 22 e 26 de junho. A ação foi promovida pela Secretaria Estadual de Fazenda teve objetivo de cercar os devedores de IPVA, que chega a 43% do total de veículos tributáveis no município em 2015.
Apesar de estar cobrando de motoristas a regularização de veículos, o Estado oferece em troca estradas esburacadas aos condutores. A Avenida Abílio Augusto Távora (RJ – 105), conhecida como Estrada de Madureira, um dos locais onde a operação aconteceu, é um exemplo claro. Constantemente, a avenida é cenário de acidentes devido a situação precária em que se encontra. A resposta do Departamento de Estradas e Rodagem (DER-RJ) é sempre a mesma nas diversas reportagens publicadas pelo Jornal de Hoje. “Os trabalhos são realizados paralelamente enquanto o órgão aguarda a liberação de recursos para dar prosseguimento às obras de recuperação do pavimento, construção de acostamento e baia de ônibus na via, no valor de 35 milhões de reais”, diz a nota emitida pelo órgão.

As baias construídas para ônibus é um outro fator problemático da Estrada de Madureira. Além de não serem niveladas com a pista, ao longo da via, as baias são utilizadas como estacionamento. “Por causa dessas baias malfeitas e desniveladas, quebrei meu cano de descarga”, contou a pedagoga Ana Lucia Gomes. O motorista Raphael Nunes contou que por pouco não colidiu com um ônibus. “Essas baias foram feitas para os ônibus, mas eles não as utilizam, jogam o veículo na contramão”, contou o motorista indignado.

Descaso causou acidente fatal
As enormes crateras na avenida formadas pelo grande fluxo de veículos são uma das principais causas de acidentes. Um dos mais graves esse ano aconteceu no dia 14 de abril deste ano quando um ônibus da empresa Ponte Coberta atropelou Hudson Ribeiro Brito da Silva, de 12 anos, no trecho que

corta Cabuçu. Na época, testemunhas afirmaram que o motorista estava desviando de um buraco quando atingiu o garoto, que estava na calçada. O DER informou na época que “está esperando a liberação de recursos para retomar as obras no local do atropelamento”. Três meses se passaram e nada mudou.
A população segue esperando o cumprimento das promessas de uma “extensão de 22 quilômetros da rodovia e incluem obras de recuperação do pavimento, construção de acostamento e de 26 baias de ônibus, duplicação da via na altura do bairro Jardim Paraíso, limpeza de pista, além de melhorias nas sinalizações verticais e horizontais da estrada. Com investimento de R$ 35 milhões, a previsão é de que o empreendimento seja concluído em 12 meses”, diz o DER. O período de um ano para a conclusão das obras é o mesmo que o órgão anuncia desde abril, quando Hudson morreu na estrada.
Por: Gabriele Souza (gabriele.souza@jornalhoje.inf.br)