
Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Em greve desde o dia 2 de março, os professores da rede estadual do Rio de Janeiro reivindicam reajuste salarial, mudanças na rede, e são contra o atraso do pagamento dos aposentados e pensionistas. Muitos alunos entraram na luta dos docentes e ocupam mais de 60 escolas no estado, em busca de melhorias na infraestrutura das unidades e condições de ensino. Em Nova Iguaçu, a ocupação do Instituto de Educação Rangel Pestana – IERP – já permanece há quase dois meses. Ontem, professores, alunos e seus responsáveis se reuniram com representantes da Diretoria Regional de Educação na tentativa de encontrar soluções, sobre denúncias da direção escolar.
Os alunos do IERP ocuparam a unidade no dia 18 de março e desde então cerca de 150 estudantes se intercalam, nos três turnos para manter o protesto, sem nenhum tipo de segurança no local. Segundo os alunos, a direção do IERP e Diretoria Regional de Educação (DRE), que fica ao lado da unidade, fizeram ligações aos pais dos manifestantes, alegando que a ocupação, trata-se de vandalismo a um bem escolar, além de desculpas para festas e uso abusivo de bebidas alcoólicas.
Segundo os estudantes, até o bilhete escolar dos alunos foi cancelado, para dificultar a ida ao IERP. Eles também informaram a equipe de reportagem do Jornal de Hoje, que foi feito um boletim de ocorrência na delegacia de Nova Iguaçu (52ª DP) denunciando crime de vandalismo e ocupação ilegal por parte dos alunos. Os jovens disseram que funcionários do DRE tentaram invadir o Teatro Rangel Pestana, para expulsar os alunos, mas não conseguiram entrar porque estava trancado com cadeado.

Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
De acordo com o alunado, o IERP foi eleito em 2012, como “escola modelo” do município. Entretanto a situação nos últimos anos não é boa. Segundo os manifestantes, a atual diretoria da escola se tornou quase “fantasma e omissa” a qualquer tipo de avanço e enquanto a demanda dos estudantes aumentava, as obras e reformas, dentro e fora das salas de aulas, diminuíam. Para o representante da União da Juventude Socialista (UJS), Arthur Cordova, de 18 anos, a ocupação é resultado de reivindicações antigas.
“A escola vem sofrendo e com isso, os alunos sofrem junto. A grade curricular encolheu, dificultando a procura de estágio, que é obrigatório para os alunos concluírem o ano. A diretoria pedia para que nós conservássemos os livros, sendo que existem outros mil exemplares em ótimo estado guardados. A alimentação ficou reduzida, de má qualidade e ainda não era bem feita. Os profissionais contratados nos tratavam mal. Queremos melhorias, se não tivermos, continuaremos ocupando a escola”, declarou Artur.
Após a ocupação do IERP, professores da unidade e de outras escolas da Baixada Fluminense aderiram à greve, inclusive, ajudando com doações de mantimentos e aulas voluntárias. O professor Rodrigo Webering, de 38 anos, aderiu à greve e contou a equipe de reportagem do Jornal de Hoje, que é favor da ocupação e alega que a diretora ocupa o cargo sem passar por eleição direta com os alunos. “Acho um absurdo o que está acontecendo. A diretora se fez omissa até hoje. Nunca nos deu uma resposta, muito menos a SEEDUC. Temos três turnos, dois deles estão jogados as traças”, desabafou o professor.
A equipe de reportagem procurou a diretoria da IERP, mas a mesma não foi encontrada e a sala da direção estava trancada. A Diretoria Regional de Educação se reuniu com alunos, pais dos estudantes e professores da unidade, e solicitou que os responsáveis conversassem com os jovens para a desocupação do espaço o quanto antes.
Alguns pais presentes ficaram a favor da ocupação. A estudante Greice Rufino, de 33 anos, também mãe de uma das alunas, disse que a filha, de 15, está reivindicando os direitos estudantis e dos professores. “Estudo a noite e posso dizer que as condições da escola estão péssimas. As instalações estão depredadas e a comida horrível. Estou aqui como mãe e como aluna e quero mudanças”, disse Greice.
Em resposta para o JH, a DRE informou que a diretora está afastada da unidade. Em relação à greve dos professores, acontecerá nesta quarta-feira (4) mais uma Assembleia Geral, no Centro do Rio, para discutir sobre o fim da paralisação e reinvindicações dos docentes no estado.